O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reafirmou nesta quinta-feira (15) que continuará no cargo apenas até 2024, e que, portanto, não pretende exercer um segundo mandato.
“Quando saiu a lei de autonomia, disse que não achava boa a recondução”, afirmou Campos Neto em entrevista coletiva para comentar o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro, divulgado mais cedo pela autoridade monetária.
“Tenho dito há bastante tempo que um mandato é suficiente para fazer o que eu queria fazer. Desde o começo disse que não achava bom haver recondução, inclusive fui contra no debate sobre a lei de autonomia do Banco Central“, disse o presidente do BC.
Ainda, segundo ele, o tema não foi debatido no encontro com o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), nesta semana.
Campos Neto conversou com Haddad
Campos Neto informou que conversou com Haddad para que o processo de escolha dos novos diretores da autoridade monetária seja realizado “de forma suave e consensual”.
O atual presidente também lembrou que a escolha dos diretores não é tarefa apenas do presidente da autarquia, já que as nomeações eram debatidas com os demais diretores do Banco Central. “Espero que tudo isso seja levado em consideração”, afirmou.
Ainda, questionado sobre a possibilidade de Haddad antecipar a divulgação do novo arcabouço fiscal, Campos afirmou que, “quando dá mais transparência, você consegue fazer mais com o mesmo gasto, porque gera mais credibilidade”. “Se der mais informação, mais transparência, melhor”, disse.
Autonomia do Banco Central
A autonomia do Banco Central, em vigor desde fevereiro de 2021, significa que o órgão e seus diretores têm liberdade para executar as políticas monetárias sem interferência do governo. Antes, o BC era vinculado ao Ministério da Economia.
A lei determina mandatos fixos e não coincidentes de 4 anos para os diretores e para o presidente. Esses mandatos se sobrepõem apenas parcialmente ao mandato presidencial. Campos Neto, portanto, foi anunciado em 2018 pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) como o presidente do Banco Central.