O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, ressaltou, em entrevista concedida nesta terça-feira (22), que é importante comunicar que a autoridade monetária é séria sobre o objetivo de atingir a meta de inflação.
“É importante comunicar para as pessoas que somos sérios sobre atingir a meta porque o Brasil tem uma memória grande de inflação”, disse Campos Neto ao canal de TV americano CNBC em Washington. A meta de inflação atual é de 3% ao ano.
Quanto aos ciclos da política monetária nos EUA e no Brasil, o chefe do BC afirmou que acredita serem ciclos diferentes. O Brasil, segundo ele, foi o primeiro país a começar a subir juros e o primeiro a começar a cortar os juros.
Nas reuniões de ambos os Bancos Centrais em setembro, o Fed (Federal Reserve) cortou os juros em 0,5 ponto percentual, para o intervalo entre 4,75% e 5%. Ao passo que o BC brasileiro elevou a Selic (taxa básica de juros), que saiu de 10,50% para 10,75% ao ano.
“No caso do Brasil, o que vimos é que a economia estava bem resiliente, o mercado de trabalho muito apertado, começamos a ver hiato do produto do lado positivo e também as expectativas de inflação e as projeções começaram a desancorar, então achamos que era apropriado neste momento começar a endereçar esse tema”, disse, segundo o “Valor”.
Ao olhar para a história do Brasil e os ciclos de política monetária, prosseguiu Campos Neto, o País conseguiu trabalhar através do tempo para sempre ter uma taxa de juros mais baixa ao final de cada ciclo.
“Temos feito uma convergência em taxas de juros quando olha no longo prazo, mas temos esses ciclos e acho que agora estamos em um desses”, afirmou o executivo.
Campos Neto diz que ajustes fiscais facilitam queda de juros
Novas medidas fiscais do governo são importantes para que o BC (Banco Central) possa baixar a taxa básica de juros, disse o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, durante evento da Investment Association, em São Paulo, como relatou a Reuters.
Segundo ele, é mais fácil baixar os juros quando as expectativas para as contas públicas ancoram esse movimento.
Campos Neto pontuou, também, que há questionamentos sobre a transparência das contas públicas e que uma percepção de choque fiscal pode gerar impacto positivo sobre as avaliações de mercado.
Os comentários foram feitos depois que ele afirmou ter lido no noticiário informações sobre a possibilidade de o governo discutir temas relacionados a uma reforma administrativa e apresentar medidas fiscais após as eleições municipais.