Economia

Campos Neto destaca momento crucial nos próximos meses para economia

O presidente do BC mencionou o impacto cumulativo das reformas no potencial de crescimento do Brasil

Durante o encerramento de um evento promovido pelo Correio Braziliense sobre os desafios do Brasil em 2024, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, enfatizou a importância dos primeiros meses do próximo ano para consolidar a melhoria nos indicadores econômicos do país. A fala aconteceu no evento que ocorreu nesta terça-feira (19).

Campos Neto expressou sua satisfação com o trabalho realizado pelo BC em 2023, destacando a redução da inflação mesmo diante de uma atividade econômica em ascensão e um mercado de trabalho mais aquecido, um objetivo perseguido pelo BC em sua busca por um suave pouso econômico.

Novamente, o presidente do BC mencionou o impacto cumulativo das reformas no potencial de crescimento do Brasil. Contudo, ele reforçou a necessidade de manter a calma e o compromisso com a estabilidade fiscal, já que, apesar do novo contexto das contas públicas, o país ainda enfrenta um cenário de endividamento um pouco mais desafiador. “É crucial manter a transparência na nossa abordagem de trabalho”, ressaltou Campos Neto.

Atuação na pandemia

Segundo Campos Neto, os cortes na taxa Selic têm impulsionado o crédito, resultando em uma das menores taxas de juros reais da história do Brasil, embora ainda figure como a segunda mais alta globalmente. Ele ressaltou que, embora a diferença entre a taxa real e a neutra possa parecer elevada em relação a economias avançadas, permanece baixa em comparação com outros mercados emergentes.

O presidente do BC apontou desafios enfrentados por alguns países na transição dos estímulos fiscais implementados durante a pandemia, quando uma injeção maciça de recursos foi feita pelos governos simultaneamente para evitar uma recessão econômica.

“Durante a pandemia, a entrada nos estímulos fiscais foi coordenada… Agora, estamos vendo países com dificuldade para encerrar essas medidas”, afirmou Campos Neto.

Ele destacou o aumento significativo da dívida americana, que passou de 20% a 40% do Produto Interno Bruto (PIB) para cerca de 80%, resultando em um aumento considerável nos pagamentos do Tesouro dos Estados Unidos.

“Além de estar em um patamar muito elevado, a dívida é extremamente explosiva”, comentou Campos Neto sobre a situação da dívida nos EUA. Ele observou que os pagamentos de juros do governo dos Estados Unidos aumentaram de US$ 22 bilhões em outubro do ano passado para US$ 77 bilhões no mesmo período deste ano, e a projeção é que continue crescendo, chegando a US$ 120 bilhões em 2024.