O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira (28) que a Selic (taxa básica de juros) está “suficientemente alta”, considerando a projeção alternativa de inflação apresentada pelo Copom (Comitê de Política Monetária). No momento, os juros estão em 10,50% ao ano, após o comitê decidir pela manutenção da taxa.
“Já houve no passado momentos em que desenhamos cenários alternativos para mostrar que a taxa de juros [Selic] é suficientemente alta e que, em um período mais longo, ela traz a inflação para a meta”, disse Campos Neto, de acordo com o “Suno”.
“Estava havendo muito ruído em torno dos números de curto prazo. Entendemos que essa é uma informação valiosa a mais para os agentes”, comentou.
Além disso, a autoridade monetária declarou que a palavra “interrupção” foi utilizada porque ela é a melhor alternativa para deixar de dar um guidance para a taxa de juros.
“Não demos o ‘guidance’ exatamente por essa razão e oferecemos um cenário alternativo para esclarecer que achamos que está em um terreno restritivo. É difícil dizer. Há muitas variáveis que vão se desenrolar no curto prazo e que vão dar clareza. Tem um tema internacional que precisa ser observado”, disse.
Campos Neto: ajuste fiscal via receita reduz crescimento econômico
Roberto Campos Neto, presidente do BC (Banco Central), declarou que os ajustes fiscais muito focados em ganho de receita são menos eficientes e podem resultar em menor investimento, menor crescimento econômico e inflação mais alta.
As falas de Campos Neto ocorrem durante o Fórum Jurídico de Lisboa, na ocasião, o presidente do BC também afirmou que a desconfiança sobre as contas públicas impacta os juros de longo prazo e as expectativas de inflação.
Estudos mostram que ajustes desse tipo geram aumento de custos para companhias, disse Campos Neto, e deixam os projetos de investimento inviáveis, devido ao nível alto dos juros, além de criar insegurança jurídica.