O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira (14) que a inflação tem mostrado dificuldade para convergir à meta.
O comentário de Campos Neto considerou o tom da ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, divulgada durante a semana. O documento mostrou que a projeção da autarquia para o horizonte da inflação relevante para a política monetária cresceu de 3,5% para 3,6%.
“Temos isto, números de IPCA um pouco piores na ponta”, disse Campos Neto. “As expectativas são a parte que gera mais preocupação”, completou. O executivo participou da abertura do 12.º Fórum Liberdade e Democracia de Vitória, onde também foi homenageado pelos idealizadores.
Campos Neto citou também a necessidade de ajuste fiscal como complemento à política monetária mantida pelo BC.
“Se a gente não entender que precisa fazer o ajuste pelo lado dos gastos, a gente acaba interditando o debate, acaba fazendo com que esse prêmio de risco (sobre ativos como juros e dólar no mercado futuro) fique maior por mais tempo”, afirmou, segundo a “CNN Brasil”.
“Isso é muito prejudicial para a convergência da inflação e para um ambiente de juro mais baixo, mais estável”, prosseguiu o presidente do BC.
Campos Neto: Brasil não deve ser tão afetado por políticas de Trump
O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, afirmou que a vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA não deve impactar o Brasil de forma tão significativa quanto outros mercados emergentes, como China e México.
Segundo Campos Neto, ainda que a valorização do dólar possa afetar algumas regiões, o Brasil deve sofrer menos com esses efeitos.
“Temos o problema [das tarifas comerciais] na China e no México, mas o Brasil está muito distante disso. Obviamente, um dólar mais forte vai afetar os mercados emergentes, mas minha visão é de que o Brasil seria menos afetado”, comentou Campos Neto em participação por videoconferência no evento promovido pelo Valor Capital Group, conforme publicado pelo “Valor Econômico”.
A combinação possível entre a política tarifária de Trump, a redução de trabalhadores imigrantes nos EUA e a expansão fiscal por meio do corte de impostos aponta para um cenário inflacionário, segundo a avaliação de Campos Neto.
Além disso, o presidente do BC aproveitou o momento para discutir a questão fiscal no Brasil. Para ele, o alto prêmio de risco no país cria um contexto onde uma política fiscal mais contracionista pode, paradoxalmente, gerar efeitos expansionistas nas condições financeiras.