Política monetária

Campos Neto: 'queria Selic baixa, mas taxa estrutural é muito alta'

"E se a gente determinar a taxa de um dia sem credibilidade, o juro real longo vai subir”, explicou o presidente do BC.

Campos Neto sobre Brasil
Foto: Roberto Campos Neto / Banco Central

O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, considera que a Selic (taxa básica de juros) alta, decorre de diversos fatores, como a política fiscal, que joga o juro estrutural do Brasil para cima.

“A gente precisa entender que temos um tema de causa e consequência. O Banco Central determina a taxa de um dia (Selic). E se a gente determinar a taxa de um dia sem credibilidade, o juro real longo vai subir”, disse Campos Neto, durante o evento Esfera Brasil, neste sábado (8).

Questões estruturais que fogem do controle do BC impedem uma redução maior na Selic, mas a autoridade monetária “gostaria de ter a taxa de juros mais baixa possível”, disse.

Em debate com o empresário Rubens Menin, Campos Neto comentou que “a Selic não determina o prêmio de risco [do juro] longo”.

“Quais foram os momentos na história do Brasil que a gente teve taxa de juro real longa caindo? Foram exatamente os momentos em que as pessoas entenderam que tinha uma credibilidade da política econômica”, argumentou.

Campos Neto também citou os momentos em que o Teto de Gastos e o Arcabouço Fiscal foram aprovados, de acordo com o “Valor”.

Além disso, ele comparou a taxa neutra, que não causa inflação nem deflação, do Chile, que corre em 2%, com a do Brasil, que está em cerca de 4,5% a 5%, segundo ele.

“Se a minha taxa de juros neutra fosse baixa, eu também viveria com uma taxa de juros real mais baixa também […] A gente precisa combater a causa do porquê os juros estruturais do Brasil são tão altos”, complementou o presidente do BC.

Campos Neto: ‘mudanças climáticas influenciam muito as decisões’

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou a relevância das mudanças climáticas como um dos fatores cruciais considerados pela instituição em suas decisões. 

O chefe da autarquia monetária brasileira enfatizou que as anomalias na temperatura terrestre, cada vez mais frequentes, exercem uma forte influência nas escolhas do Banco Central, especialmente no que diz respeito ao preço dos alimentos.

Campos Neto também abordou a questão climática ao mencionar a tragédia de grande escala que atingiu o estado do Rio Grande do Sul, ressaltando seu impacto direto na economia nacional.