O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse, nesta segunda-feira (10), que a possibilidade de o mercado de trabalho apertado afetar inflação de serviços é uma preocupação.
Campos Neto ressaltou, porém, que esse impacto ainda não tem sido observado no Brasil.
“Nos preocupamos se isso irá se traduzir em inflação nos serviços ou se explica porque a inflação de serviços ainda está acima da meta na maioria dos lugares”, disse o presidente do BC.
Ainda segundo Roberto Campos Neto, os números recentes de inflação foram benignos e mostram convergência em direção à meta e “não são muito diferentes” do esperado.
Mas ele ressaltou que as expectativas de inflação seguem em processo de desancoragem, citando também que prêmios de risco estão muito altos no Brasil.
Campos Neto: ‘queria Selic baixa, mas taxa estrutural é muito alta’
O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, considera que a Selic (taxa básica de juros) alta, decorre de diversos fatores, como a política fiscal, que joga o juro estrutural do Brasil para cima.
“A gente precisa entender que temos um tema de causa e consequência. O Banco Central determina a taxa de um dia (Selic). E se a gente determinar a taxa de um dia sem credibilidade, o juro real longo vai subir”, disse Campos Neto, durante o evento Esfera Brasil, neste sábado (8).
Questões estruturais que fogem do controle do BC impedem uma redução maior na Selic, mas a autoridade monetária “gostaria de ter a taxa de juros mais baixa possível”, disse.
Em debate com o empresário Rubens Menin, Campos Neto comentou que “a Selic não determina o prêmio de risco [do juro] longo”.
“Quais foram os momentos na história do Brasil que a gente teve taxa de juro real longa caindo? Foram exatamente os momentos em que as pessoas entenderam que tinha uma credibilidade da política econômica”, argumentou.
Campos Neto também citou os momentos em que o Teto de Gastos e o Arcabouço Fiscal foram aprovados, de acordo com o “Valor”.
Além disso, ele comparou a taxa neutra, que não causa inflação nem deflação, do Chile, que corre em 2%, com a do Brasil, que está em cerca de 4,5% a 5%, segundo ele.
“Se a minha taxa de juros neutra fosse baixa, eu também viveria com uma taxa de juros real mais baixa também […] A gente precisa combater a causa do porquê os juros estruturais do Brasil são tão altos”, complementou o presidente do BC.