O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, negou que tenha indicado que o ritmo de reedução da taxa básica de juros pode ser retardado nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária).
“Em nenhum momento, nem remotamente, eu falei algo parecido com o que foi interpretado. A pergunta tinha sido se havíamos colocado a parte internacional como um fator no balanço de risco. É óbvio que houve uma piora adicional”, afirmou Campos Neto nesta quarta-feira (18) durante participação em um seminário promovido pelo Credit Suisse, em São Paulo.
“Teve uma pergunta sobre se isso diminui a probabilidade de (redução de) 0,75 ponto percentual. É óbvio que sim. Mas em nenhum momento eu disse que uma coisa era mais provável que a outra. Se um dia eu falasse sobre isso, jamais seria em uma reunião fechada”, prosseguiu o presidente do BC. “Não fazemos isso em reuniões fechadas. Jamais.”
Campos Neto afirmou, ainda, que o atual ritmo de cortes da Selic tende a ser mantido nas próximas reuniões do Copom. “A gente entende ainda que 0,50 é um ritmo apropriado. Vamos discutir na reunião do Copom, diante das variáveis, e comunicar se houver uma perspectiva de que alguma coisa mudou. Esse não é o nosso cenário hoje”, concluiu.
As supostas declarações de Campos Neto repercutiram no mercado financeiro e também entre o governo. Segundo informações publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, Campos Neto teria dito, durante reunião com investidores na semana passada, que a probabilidade de desaceleração do ritmo de queda da Selic, de 0,5 ponto percentual para 0,25 ponto percentual, era maior do que a chance de um aumento do ritmo de cortes para 0,75 ponto percentual.
Questionado sobre as supostas declarações de Campos Neto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que conversaria com o chefe do BC a respeito do assunto.
Galípolo: guerra entre Israel e Hamas não afeta cortes da Selic
O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, garantiu que a guerra entre Israel e o grupo islâmico Hamas, não afetará o ritmo de cortes dos juros no país. A previsão é que o Copom promova mais duas reduções de 0,5 ponto percentual da taxa Selic até o fim do ano.
Para Galípolo, a piora no ambiente externo deve ser compensada por uma conjuntura doméstica mais favorável. A afirmação foi feita em uma reunião do Conselho Empresarial de Economia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), nesta segunda-feira.
O confronto no Oriente Médio, iniciado neste fim de semana, fez disparar os preços do petróleo no mercado internacional. Pela manhã, o valor do barril do tipo Brent, a referência mundial, subiu 3,71%, cotado a US$ 87,69. O barril do tipo West Texas Intermediate (WTI), que serve de padrão para o mercado americano, aumentou 3,72%, negociado a US$ 84,30.
O temor é que esse salto do preço da commodity exerça pressão sobre a inflação, algo que poderia comprometer os próximos cortes da Selic.