Economia

Campos Neto: nenhum BC do mundo cumpriu sua meta em 2024

Na avaliação de Campos Neto, quando se trata do cenário global, há uma “séria incerteza” sobre as variáveis da desinflação

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, afirmou que a meta de inflação não conseguiu ser cumprida por nenhum banco central do mundo neste ano. Ele falou durante live de despedida e balanço da gestão nesta sexta-feira (20).

“Outro dia alguém falou, por exemplo, que o Banco Central do Brasil não cumpriu a meta em 2024. Eu digo: nem o do Brasil nem nenhum do mundo. Nenhum banco central no mundo cumpriu a meta em 2024, acho que você não encontra. Tem alguns países da Ásia que tiveram efeito inflacionário bem menor na pandemia, que estão mais estáveis, mas em geral nenhum país cumpriu a meta”, disse.

Na avaliação de Campos Neto, quando se trata do cenário global, há uma “séria incerteza” sobre as variáveis que vão causar a desinflação daqui para frente. 

“A gente entende que a desinflação teve um período em que ela foi acelerada, mas em algum momento ela parou e parou em nível muito acima das metas dos bancos centrais”, afirmou.

Além disso, o presidente do BC ressaltou que a questão fiscal ainda apresenta um desafio “enorme”. “Eu acho que o fiscal não é só um problema no Brasil, é um problema global, o fiscal, grande”, disse Campos Neto.

Para o executivo, não poderia dizer que sua trajetória de 6 anos no BC, que começou em 2019, foi “calma” e citou algumas crises nesse período, como a pandemia. Ele lembrou que a autoridade monetária do Brasil foi a primeira a liberar liquidez e capital para os bancos na pandemia.

O mandato de Campos Neto termina oficialmente no dia 31 de dezembro. O próximo presidente, Gabriel Galípolo, tomará posse do cargo em 1º de janeiro.

Campos Neto: transição com Galípolo mostra que BC técnico permanece

Na avaliação do atual presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, o processo de transição de comando na autarquia com o indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Gabriel Galípolo, demonstra que a característica técnica da autoridade monetária permanece, afirmou nesta sexta-feira (20).

Além disso, Campos Neto também disse que a autonomia formal do BC foi um ganho e colocou a instituição à frente de pessoas, ideologias, governos e do tempo da política. 

O chefe do BC, cujo mandato chegará ao fim oficial em 31 de dezembro, esteve na live promovida pelo BC para balanço de sua gestão e despedida de seu comando na autarquia.

Defensor de que o status da autarquia avance para uma autonomia financeira, além da operacional, Campos Neto avaliou que a evolução dessa discussão não está concluída, de acordo com a “Reuters”.

A partir do final de semana o presidente do BC estará de férias e será substituído interinamente até o final do ano pelo diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo.