Economia

Campos Neto: propostas eleitorais nos EUA têm aspectos inflacionários

Roberto Campos Neto, presidente do BC, reforçou que essas propostas com viés inflacionário tem impacto nos preços nos mercados

Foto: Diogo Zacarias/MF
Foto: Diogo Zacarias/MF

Roberto Campos Neto, o atual presidente do BC (Banco Central), afirmou nesta quinta-feira (24) que as propostas discutidas pelos candidatos republicanos e democratas nas eleições dos EUA têm três grandes aspectos. Segundo o executivo, todos eles são inflacionários.

“As propostas dos republicanos e dos democratas trazem três grandes aspectos. Uma é imigração, a outra é expansão fiscal e a terceira é protecionismo. As três delas têm o potencial de aumentar a inflação. Isso pode impactar os preços nos mercados”, avaliou Campos Neto durante entrevista coletiva ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

O chefe do BC e o ministro estavam no 4º Encontro de Ministros de Finanças e Diretores do Banco Central, no âmbito das reuniões do FMI (Fundo Monetário Internacional), em Washington.

Em paralelo a isso, Campos Neto também indicou que outro debate relevante envolvendo a economia dos EUA são as perspectivas de crescimento do país.

“Há uma incerteza se teremos um ‘soft landing’ (pouso suave) ou não nos EUA. A volatilidade das opiniões tem sido grande. Flutuamos entre um cenário de ‘no landing’ para um cenário de ‘hard landing’. Mas hoje acreditamos que o cenário base é um ‘soft landing’”, afirmou.

Campos Neto: ‘baixar juros é mais fácil que elevar, todo BC sabe disso’

Roberto Campos Neto, presidente do BC (Banco Central), afirmou nesta quarta-feira (23) que, “quando você olha a inflação desancorando e o prêmio de risco onde está hoje é um sinal que nos preocupa muito”. 

“Estamos olhando para todas as variáveis, queremos ser o mais transparentes possível”, disse Campos Neto durante participação em um evento do UBS BB, em Washington.

Além disso, o executivo do BC também comentou, um pouco antes, que os ciclos (de política monetária) são diferentes. “Obviamente baixar os juros é mais fácil do que elevar juros, todo banco central sabe disso”, frisou ele, segundo o “Valor”.

“A mensagem é que vamos trabalhar para atingir a meta”, acrescentou Campos Neto. Na avaliação do presidente do BC, a economia e o mercado surpreenderam. “Reconhecemos que o hiato mudou e nossas projeções mudaram”, completou.

Na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) ocorrida no mês de maio, os membros do colegiado se dividiram quanto a decisão de cortar a Selic (taxa básica de juros), Campos Neto afirmou que não houve opinião política, apenas visões técnicas diferentes entre a antiga composição (indicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro) e a atual (indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva). 

“Daquele ponto em diante (da reunião da divisão), precisaríamos nos juntar e ter consenso ao menos no curto prazo para poder explicar”, comentou o atual dirigente do BC. 

“Vai haver dissensos no futuro e não tem a ver com opinião política, as pessoas terão visões técnicas diferentes”, complementou.

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