RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Em um contexto de inflação e desemprego elevados, o Carrefour anunciou nesta quinta-feira (4) que vai congelar os preços de todos os seus produtos de marca própria até o início de janeiro.
A promessa da rede é manter inalterados os valores de mercadorias diversas, incluindo alimentos (arroz, feijão, pães, entre outros) e itens de higiene. No total, a medida deve atingir 4.000 produtos.
A ação está prevista para ocorrer a partir desta quarta até o dia 10 de janeiro de 2022. A decisão é válida para todas as lojas físicas do Carrefour espalhadas pelo Brasil ?nos formatos Hiper, Bairro, Market e Express? e também para as compras via site ou aplicativo.
Joaquim Sousa, diretor comercial do Carrefour Brasil, afirma que o congelamento de preços visa contribuir para a democratização da alimentação em um momento de crise econômica, embora outros produtos também sejam contemplados pela ação.
Itens de marca própria respondem por 18% das vendas líquidas de alimentos nas lojas do grupo.
“Neste momento, o consumidor está procurando mais os produtos, está fazendo mais contas. Ele busca a melhor cesta, a mais econômica. A marca própria traz qualidade e preços compatíveis”, diz Sousa.
Os produtos que terão os preços congelados abrangem as marcas Carrefour, Viver, Carrefour Bio, Veggie, Mercado, Classic, Sabor & Qualidade, Selection, Soft, Men, My Baby, Essential, Expert, Home, Companino, Care e Original.
Conforme o grupo, os itens contemplados pela ação terão um selo exclusivo para facilitar a identificação por parte dos clientes.
Alexandre Machado, especialista em varejo da Gouvêa Consulting, relata que, no Brasil, as marcas próprias não costumam substituir “marcas líderes” junto aos consumidores.
Contudo, ações como a do Carrefour, em um contexto de crise, tendem a gerar um apelo maior junto aos clientes, avalia o especialista.
“Ações assim fazem com que o consumidor conheça mais e experimente os produtos.”
No período de 12 meses até setembro, os alimentos que formam a cesta básica acumularam inflação de 15,96% no país, conforme um estudo da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).
A disparada dos preços afeta principalmente o bolso dos mais pobres na pandemia e reflete uma combinação de fatores, como dólar alto, valorização das commodities e efeitos da seca prolongada e das geadas.
Com a inflação e as dificuldades no mercado de trabalho, o Brasil passou a registrar mais cenas de pessoas em busca de doações de comida e até de restos de itens durante a pandemia.
Em Fortaleza (CE), por exemplo, um vídeo recente mostra um grupo à procura de comida em um caminhão de lixo.
Outros casos que ficaram conhecidos foram registrados no Rio de Janeiro, onde um caminhão distribuía restos de carne, e em Cuiabá (MT), que teve filas em busca de doações de ossos de boi.