O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciaram na noite desta segunda-feira (5) os detalhes do plano de desconto para carros populares no Brasil. O pacote visa baratear o preço de veículos em até R$ 8 mil.
A ideia anterior era cortar impostos, mais especificamente IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o PIS/Cofins, que são tributos federais. Agora, o desconto passa a ser entre R$ 2 mil e R$ 8 mil direto no preço final do carro comprado pelo consumidor. As informações são do Infomoney.
Para carros de até R$ 120 mil, os descontos poderão chegar a 11,6%. A porcentagem da queda acontecerá conforme o cumprimento das três variáveis já tornadas públicas: social, ambiental e densidade industrial.
Além disso, o novo plano também prevê subsídios para a redução do preço dos caminhões, a novidade do pacote de estímulo ao consumo anunciada hoje por Alckmin e Haddad. O programa vai estimular a venda de caminhões e ônibus antigos e usar parte desse valor como desconto na compra de novos.
O teto de financiamento do programa é de R$ 1,5 bilhão e será dividido assim: R$ 500 milhões para veículos leves; R$ 700 milhões para caminhões; R$ 300 milhões para ônibus.
Para caminhões e ônibus, o programa vai funcionar por meio de incentivo na compra e na venda dos veículos. Os descontos totais vão de R$ 33 mil até R$ 99 mil, conforme o tamanho do veículo e critérios de ação poluente.
O teto do programa considera apenas caminhões e ônibus de até R$ 1 milhão. Apesar desses valores, Alckmin defendeu que o desembolso real será muito menor porque o programa vai estimular a troca dos veículos.
“Sem fazer nada você vende, mas pouco. Com o estímulo dado [no caso de caminhões e ônibus] a expectativa é vender muito mais e o governo acaba retomando valores em impostos, que não foram zerados”, disse o vice-presidente.
Anfavea: queda de impostos pode aumentar venda em até 300 mil carros
O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Márcio Lima Leite, que a redução de impostos no setor, anunciada pelo governo federal, está produzindo efeitos imediatos na cadeia de produção automobilística. Ele disse que as montadoras já estão alterando planejamentos para poder produzir mais.
“Nós tivemos notícias de três fábricas que suspenderam lockdowns [paralisação dos trabalhos por falta de demanda] que estavam previstos. O efeito [da redução dos impostos] é imediato [e isso explica] a urgência dessas medidas”, disse, em entrevista, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Para ele, a queda de impostos poderá elevar a produção do setor em cerca de 300 mil veículos por ano. Ele ressaltou, no entanto, que as medidas ainda não foram anunciadas na sua integralidade.
“Essas medidas podem impactar o mercado entre 200 ou 300 mil unidades, mas depende, porque nós ainda não conhecemos todas as regras. Mas não seria muito imaginar algo em torno de 200 mil a 300 mil unidades dependendo de como vai ser essa composição que será anunciada”, acentuou.
Leite garantiu que o corte de impostos não irá causar diminuição na tecnologia empregada nos carros, assim como não haverá redução na segurança dos veículos e no cuidado ambiental.
“Os itens de segurança obrigatórios, que foram uma grande conquista para o consumidor e para a sociedade, eles estão mantidos. Não há qualquer flexibilidade em relação à segurança veicular. Igualmente, não há qualquer flexibilidade quanto à questão ambiental e há um estímulo em caráter social em função do preço do veículo”, finalizou.