Caso Evergrande: veja como Brasil é afetado

Analistas não esperam um efeito “Lehman Brithers”.

O solavanco que a crise da Evergrande gerou aos mercados dependerá da forma que o governo chinês irá reagir quanto à confiança no setor imobiliário chinês. As autoridades já vêm realizando ajustes regulatórios em vários setores. Esse possível novo ajuste deve afetar a demanda de commodities exportadas pelo Brasil, especialmente o minério de ferro.

Segundo Wellber Barral, ex-secretário de comércio exterior e sócio da Barral M Jorge Consultores, os receios dos mercados são compreensíveis, já que a crise envolve a maior estatal chinesa de real estate num país cuja construção civil responde a um terço do Produto Interno Bruto (PIB).

Contudo, ele não espera um feito “Lehman Brithers”, pois não há o mesmo endividamento baseado em créditos podres. De acordo com as informações do Valor, o efeito da crise no médio prazo dependerá da reação das autoridades chinesas, que irá determinar o crescimento do país e a demanda por matéria-prima, o que afeta o Brasil.

Já para o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Livio Ribeiro, “Há duas coisas que estão andando paralelamente e que não começaram com Evergrande, mas tem um repique na empresa”. Um ponto é o conjunto de políticas de ajustes prudenciais do setor imobiliário tanto na demanda quanto na oferta, que estão a um passo de uma desaceleração mais pronunciada da companhia neste momento.

Além disso, o setor siderúrgico chinês está numa política de longo prazo em desenvolvimento no momento. “O quadro resulta numa retração do setor imobiliário, com uma discussão forte sobre se haverá crise de confiança no setor imobiliário chinês, e uma queda na demanda siderúrgica, o que deve levar a preços de minério para baixo”, explicou ele.

Ribeiro também destacou que a desaceleração pela empresa ou seu eventual colapso não resultará em uma crise nos modelos do Lehman Brothers.

A crise Lehman Brother, ou crise do subprime, é uma referência aos créditos de alto risco ligados a imóveis, que foram concedidos de forma irracional e em larga escala por décadas, ocasionando na quebra do banco de investimentos Lehman, sendo considerado um marco da crise financeira internacional neste século, as informações são do Correio Braziliense.