Economia

China: desaceleração deixa Brasil em alerta

Foto: Agência Brasil/Beto Barata/PR

Nos últimos dias a economia da China mostrou sinais de desaceleração como impacto do desempenho ruim do setor imobiliário. Em consequência disso, o gigante asiático anunciou, na última segunda-feira (21), uma redução na taxa de juros crucial como parte das medidas para combater a crescente desaceleração econômica pós-Covid.

Uma das vítimas da crise foi a Evergrande. A gigante chinesa da construção, solicitou na semana passada um pedido de proteção contra falência, o conhecido “Capítulo 15”, em Nova York. Este movimento ligou todos os alertas, devido ao histórico de problemas da companhia.

Afinal, a crise que afeta a China pode prejudicar o Brasil, já que o país asiático é o nosso maior parceiro comercial? O governo não aparenta aflição. De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, não há nenhuma preocupação sobre a crise no país asiático. O ministro diz não enxergar nenhuma conexão entre a crise chinesa e a redução de capacidade investida no Brasil.

“A desaceleração é porque o resto do mundo passou a consumir menos, consumir serviços, consumir obras, então é desacelerar nesse sentido. Mas, internamente, não há nenhum desinvestimento deles, ao contrário, eles estão ampliando o investimento e estão buscando lugares para investir para manter o ritmo de crescimento”, declarou Rui durante agenda em Salvador (BA) na segunda.

Já especialistas ouvidos pelo BP Money têm opiniões distintas sobre os efeitos na economia brasileira, mas concordaram que o momento é de atenção. Para o economista chefe da Planner Corretora, Ricardo Martins, a segunda maior economia do mundo ainda sofre com os efeitos da pandemia.

“Ao observarmos o crescimento do PIB no 2T23 de 6,3% anualizado, muito em função da baixa base comparativa de 2022 por conta da forte política contra Covid-19 ocasionando muitos lockdowns, a evolução em relação ao 1T23 foi de apenas 0,8%, este evoluindo 2,2% sobre o 4T22, muito em função das baixas vendas no varejo e investimentos privados”, avaliou.

Ainda assim, ele mostra otimismo, apesar de manter o alerta ligado. “É fato que a deterioração da relação China x Ocidente tem feito com que investimentos externos e internos sejam redirecionados e América do Sul tem sido um destino certo. Para o Brasil, a China como um dos principais parceiros comerciais com importações de produtos primários não será afetada, embora esteja em desaceleração pelo momento econômico, assim como investimentos no setor de alimentos e energia”, disse.

“O centro do problema chinês reside na falta de apoio a população e Províncias, com endividamento alto, e principalmente ao setor imobiliário já contagiando o setor financeiro. Medidas de curto prazo acalmam os mercados, mas fundamentalmente para o setor imobiliário e sem profundidade não serão suficientes. A China é grande no comércio externo global e essa saída encontra um mundo em desaceleração, o que não é nada bom para o país”, complementa.

RISCO

Já o coordenador do núcleo de economia da Apimec Brasil, Alvaro Bandeira, encara a crise chinesa com pessimismo. Para ele, a desaceleração afeta a todos, incluindo os EUA. “Afeta especialmente o Brasil, pois é o nosso maior parceiro comercial, principalmente nas exportações minerais e proteínas”, afirmou.

Bandeira chama atenção para o fato de que ainda não foi apresentada uma alternativa consistente para superar a turbulência. “As medidas que o governo vem adotando são essencialmente de curto prazo, faltando planejamento de mais longo prazo. Portanto podemos ter novamente “voo de galinha”, se não tivermos um PAC de fato que busque ampliar a produtividade e com regras e marcos regulatórios estáveis”, pontuou.

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