Commodities

China e efeito dominó: desaceleração afeta ações na B3 (B3SA3)

Dentre as questões econômicas que afetam o país, a crise no setor imobiliário é uma das que mais se destaca quando se trata de ações brasileiras

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China / Foto: Divulgação

O crescimento da segunda maior economia do mundo, a China, desacelerou inesperadamente em cinco trimestres. Dentre as questões econômicas que afetam o país, a crise no setor imobiliário é uma das que mais se destaca quando se trata de ações brasileiras.

A crise do setor imobiliário do país asiático começou em 2020. Na época, o governo chinês decidiu cortar “certas facilidades” que os empresários do setor tinham. A partir daí, foi observado um efeito dominó, afetando desde ações de bancos, que realizaram empréstimos para as companhias, até papéis de empresas ligadas à produção de minério de ferro — grande parte da demanda pela commodity vem da China.

A questão perdurou e acabou se alastrando, deixando a população chinesa e os empresários da região em alerta. No segundo trimestre de 2024, o PIB (Produto Interno Bruto) do país registrou um aumento de 4,7%, ficando abaixo de quase todas as projeções.

“A inflação subjacente na China desacelerou para o nível mais baixo em mais de três anos. O Brasil é um grande exportador de commodities, como minério de ferro, soja e petróleo”, disse o planejador financeiro e fundador do Eu Me Banco, Fabio Louzada.

“Com a desaceleração chinesa, a demanda por produtos esses tende a diminuir, impactando níveis os preços e a receita das exportações brasileiras. A China é também um dos principais destinos das exportações do Brasil. A diminuição da procura chinesa leva, consequentemente, à redução no volume exportado”, acrescentou o especialista.

Em paralelo à economia interna da China, as ações negociadas na B3 (B3SA3) — ligadas ao minério de ferro — sofrem constantes oscilações a cada “novidade anunciada”.

Empresas brasileiras que ‘dependem do mercado chinês’ estão sendo pressionadas

De acordo com o economista da Corano Capital, Bruno Corano, as empresas estão de fato sendo pressionadas pelo cenário chinês. Segundo ele, o país apresentando uma atividade econômica mais fraca e uma inflação mais alta que o esperado pelo mercado agrava a situação.

Existem empresas que “podem ter uma dependência do mercado chinês e, consequentemente”, disse Corano.

A mineradora Vale (VALE3) tem enfrentado altas e baixas nos últimos meses. As quedas dos papéis arrefeceram quando a companhia divulgou novas projeções para sua produção de minério de ferro.

“A China representa uma parte significativa da demanda global por commodities, e isso certamente é uma grande preocupação para as empresas que estão nesse mercado, tendo em vista que pode afetá-las de diversas formas, como aumento dos custos, diminuição da oferta e a volatilidade do mercado”, pontua Tcharla Bragantin, especialista em mercado de capitais e finanças empresariais.

A incerteza sobre a economia chinesa eleva a volatilidade dos preços das commodities. Assim, a flutuação desses preços pode ficar ainda mais acentuada no curto prazo.