Em meio ao cenário de guerra entre a Rússia e a Ucrânia, as duas principais potências emergentes do mundo, China e Índia, evitam fazer críticas diretas ao Kremlin. Pequim se recusou a classificar o ataque russo como uma “invasão”, chamando-o, em vez disso, de resultado de “antecedentes históricos complexos”.
Na madrugada desta quinta-feira (24) o presidente da Rússia, Vladimir Putin, admitiu ter enviado uma operação para a Ucrânia. A autoridade anunciou o ocorrido na televisão, o que aumentou a tensão entre os países. Repórteres correspondentes divulgaram que ouviram estouros de bombas em diversas cidades, inclusive na capital ucraniana Kiev.
A Índia, por sua vez, tem sido igualmente cautelosa, temendo queimar pontes com a Rússia, um aliado histórico de quem Nova Délhi compra grande parte de seus armamentos.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chuying, disse que seu país está monitorando a situação” de perto, mas que Pequim não pretende se precipitar em tirar conclusões. “As partes diretamente interessadas devem exercer moderação e evitar que a situação saia do controle”, disse Hua. “Afirmamos muitas vezes que os EUA foram recentemente aumentando a tensão e falando exageros sobre a guerra.”
A aproximação entre Rússia e China tem se intensificado nos últimos anos e tem como pano de fundo a relação de Moscou e o Ocidente, em particular os EUA, que vêm classificando diretamente a Rússia e a China como seus principais oponentes no cenário mundial, exercendo forte pressão política e econômica. É o que afirma o cientista político Khalatyan Hayk em entrevista ao Brasil de Fato, destacando que, “afinal, Moscou e Pequim lutam por um mundo multipolar, que ameaça o status dos Estados Unidos como potência e líder mundial”.