O PMI (Índice de Gerente de Compras) do setor industrial da China caiu de forma surpreendente em maio, para 49,5, ante 50,4 em abril, informou o NBS (National Bureau of Statistics), nesta sexta-feira (31).
O resultado foi puxado pela persistência da crise imobiliária chinesa, que continua pesando sobre a confiança das empresas, dos consumidores e dos investidores.
O PMI do setor industrial de maio ficou abaixo da marca de 50 – que separa o crescimento da contração – e abaixo da previsão de 50,4 dos analistas.
“Acho que os dados refletem particularmente a demanda doméstica fraca, o setor imobiliário continuou piorando e as vendas no varejo não foram fortes”, disse Xu Tianchen, economista sênior da Economist Intelligence Unit.
Ainda de acordo com Tianchen, é provável que uma melhora seja observada em junho, quando as novas políticas governamentais começarem a ter impacto, “como o plano de resgate de propriedades e a emissão de títulos soberanos especiais”.
Na quarta-feira (29), o FMI (Fundo Monetário Internacional) revisou para cima sua previsão de crescimento da China em 0,4 ponto percentual, para 5% em 2024 e 4,5% em 2025, mas alertou que o setor imobiliário continua sendo um risco importante para o crescimento.
China intensifica medidas para controlar crise do setor imobiliário
A China adota medidas robustas para reverter a crise no mercado imobiliário, a fim de resolver os desafios persistentes que têm impactado sua economia por anos.
O foco principal dessas medidas, anunciadas recentemente, é a implementação de uma política já testada em algumas cidades chinesas: as autoridades municipais e locais estão sendo incentivadas a adquirir casas não vendidas e convertê-las em moradias acessíveis para famílias de baixa e média renda.
Esse programa abrange 21 entidades governamentais, incluindo bancos e outras instituições financeiras estatais, que serão incentivadas a financiar a compra de imóveis em todo o país, especialmente por empresas estatais provinciais, a preços considerados razoáveis.
A expectativa é que esse influxo de recursos resulte em cerca de US$ 69 bilhões para a compra desses imóveis, com taxas de juros subsidiadas.
Além disso, o pacote inclui o fim do patamar mínimo para os juros dos financiamentos imobiliários e uma redução nos pagamentos de entrada exigidos dos compradores em potencial.
Estas ações são vistas como o início de uma solução para a crise habitacional na China, conforme observa Ting Lu, economista-chefe para a China no banco de investimentos Nomura.
A reação do mercado foi positiva, com as ações das empresas do setor imobiliário na China apresentando um aumento significativo.
No entanto, a escala e a eficácia dessas medidas ainda estão sob análise, especialmente considerando os desafios financeiros enfrentados por cidades e governos locais.
Economistas destacam a importância de resolver o estoque de imóveis não vendidos e concluir projetos paralisados para restaurar a confiança dos consumidores e empresas, além de impulsionar a economia como um todo.