China sinaliza reação a Evergrande e Bolsa sobe

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa de Valores brasileira operava em alta de 0,27%, a 113.596 pontos às 11h50 desta segunda-feira (27), em uma manhã em que o setor de commodities ganhava fôlego com sinais mais claros de que o governo irá atuar na crise do setor imobiliário na China gerada pela iminente quebra da incorporadora Evergrande.
O dólar caía 0,01%, cotado a R$ 5,3430.
Nesta segunda, o banco central da China prometeu proteger os consumidores expostos ao mercado imobiliário e injetou mais dinheiro no sistema bancário, no sinal mais claro até agora de que as autoridades chinesas podem tomar medidas para conter os riscos representados pela Evergrande.
O Banco do Povo da China não fez menção à Evergrande no comunicado, mas a promessa de proteger os direitos dos consumidores de habitação é o tipo de resposta que os mercados esperam.
A declaração do banco central foi emitida após a reunião do Comitê de Política Monetária do terceiro trimestre.
Os comentários sobre habitação vieram em linha com declarações da liderança da Evergrande que apontam para os esforços de contenção e priorização de pequenos investidores em relação aos detentores estrangeiros de dívidas da empresa.
“Esperamos que qualquer impacto no sistema bancário seja administrável e que o governo se concentre nas consequências sociais de unidades habitacionais inacabadas”, disse Sheldon Chan, que administra a estratégia de títulos de crédito da T. Rowe Price na Ásia.
As ações da Vale (VALE3) subiam 1,75%. A mineradora brasileira tem no setor da construção civil da China um dos seus principais mercados.
“Estamos vendo o preço do minério de ferro mostrando uma recuperação. Acompanhamos uma sequência de queda da commodity nos últimos dias e hoje vamos para a terceira sessão seguida de recuperação”, diz Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora.
“Sabemos que o minério de ferro apresenta uma correlação importante com as ações ligadas à mineração e siderurgias, então Vale, CSN, Gerdau, Usiminas, podem, de alguma forma, refletir esse movimento de recuperação”, comenta.
Os papéis da Petrobras (PETR4) avançavam 1,90%, alavancados pela alta do petróleo. O barril do Brent subia 2,02%, cotado a US$ 79,67 (R$ 424,65).
Os preços do petróleo atingiram o maior valor em três anos, segundo a agência Reuters.
Além do cenário de certo alívio na China, a commodity segue valorizada pela redução da produção no Golfo do México após a passagem do furacão Ida.
“Tivemos a definição do Goldman Sachs, banco americano que definiu que o último furacão ocorrido nos EUA pode potencializar a alta do preço da commodity”, avalia a analista.
Em Wall Street, o índice Dow Jones subia 0,72%. S&P 500 e Nasdaq recuavam 0,09% e 0,51%, respectivamente.
Entre as principais Bolsa da Europa, Londres, Paris e Frankfurt avançavam 0,23%, 0,39% e 0,46%.
Apagões na China preocupam Falhas crescentes no fornecimento de energia estão suspendendo as atividades de diversas fábricas na China, inclusive de muitas fornecedoras da Apple e da Tesla, e algumas lojas do nordeste do país funcionam à luz de vela. Shopping centers fecham cedo à medida que o impacto econômico aumenta.
A China passa por uma crise energética, já que uma escassez de suprimentos de carvão, padrões de emissões mais rígidos e a procura grande de fabricantes e da indústria fazem os preços do carvão atingirem altas recordes e desencadeiam restrições generalizadas ao seu uso.
Um racionamento foi adotado nas horas de pico em muitas partes do nordeste chinês na semana passada, e moradores de cidades como Changchun disseram que os cortes estão ocorrendo mais cedo e durando mais, noticiou a mídia estatal.
Nesta segunda-feira, a State Grid Corp prometeu garantir o fornecimento básico de energia e evitar cortes.
A crise energética prejudica a produção em indústrias de várias regiões do país e está afetando a perspectiva de crescimento econômico, dizem analistas.