O Goldman Sachs avaliou que está cada vez mais eminente o risco para o mercado acionário dos Estados Unidos causado por um “choque no crescimento”. De acordo com o alerta dos especialistas, um forte aperto monetário para controlar a inflação pode ter efeitos indiretos sobre a atividade econômica, prejudicando as ações.
“Existe o risco de um choque nos juros desencadear um choque no crescimento”, escreveram Christian Mueller-Glissmann e colegas em relatório divulgado após pregões dramáticos nas bolsas da Europa e dos EUA na segunda-feira. “Esse risco parece maior porque as pressões inflacionárias são as maiores desde a década de 1980.”
A mudança de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) para uma postura mais agressiva à frente do banco incluiu não descartar aumentos na taxa básica de juros em todas as reuniões até o final de 2022. Ao longo da próxima semana, a expectativa é que meia dúzia de outros bancos centrais, incluindo o Banco da Inglaterra, subam juros. E mais instituições sinalizaram que vão seguir nessa direção nos próximos meses.
Os comentários de Powell alertaram investidores de que o conforto proporcionado pelo banco central realmente será removido desta vez. Mesmo com a volatilidade no mercado acionário, a alta dos rendimentos dos títulos e temores de que a elevação do custo dos empréstimos atrapalhe o crescimento econômico, o comandante do Fed não titubeou.
Neste cenário, para analistas do Goldman Sachs, as apostas é de que a postura mais agressiva do Fed pode provocar perdas nas bolsas nos dois lados do Atlântico neste mês e um afastamento de ações caras, avaliadas pelas expectativas de crescimento futuro.