BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira (1º) que a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano deve ser revisada para baixo após a divulgação do dado do segundo trimestre, que teve queda de 0,1%.
O resultado veio abaixo das expectativas do mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam crescimento de 0,2% na comparação com o trimestre anterior.
No relatório Focus desta semana, em que o BC divulga as projeções do mercado, a estimativa estava em alta de 5,22%.
“A projeção do PIB para 2021 estava em 5,22%, com o número de hoje achamos que pode ser revisada um pouquinho para baixo, vamos observar”, afirmou em audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
Em sua apresentação, Campos Neto mostrou o gráfico do desempenho da economia nos últimos trimestres e falou em recuperação em V, quando a atividade tem retomada em velocidade semelhante à queda.
Além disso, ele ressaltou melhora no mercado de trabalho.
Depois, enquanto respondia perguntas de parlamentares, ele repetiu que os economistas devem piorar as expectativas para o PIB de 2021. Campos Neto ressaltou, contudo, que o desempenho da economia no segundo trimestre está dentro do projetado pelo BC.
“Como eu disse na apresentação, o mercado provavelmente vai revisar o número do crescimento de 2021 um pouquinho para baixo, mas ainda está dentro do que imaginávamos”, afirmou.
O titular da autoridade monetária destacou novamente a necessidade de credibilidade na política fiscal.
“O importante é crescer o máximo possível e criar um ambiente favorável de credibilidade de negócios. Na medida em que a gente vai avançando com as reformas [econômicas], avançamos com a mensagem de estabilidade fiscal”, pontuou.
Para o presidente da autarquia, a inflação descontrolada pode impactar no crescimento.
“O que o BC tem feito nisso é ter entendido e passado a mensagem que a pior coisa para o crescimento é inflação descontrolada”, afirmou.
Campos Neto ponderou que a escalada de preços penaliza os mais pobres.”A inflação descontrolada é um imposto perverso para as pessoas, principalmente de baixa renda, porque elas não tem capacidade de se proteger”, disse.
“Nos grandes surtos inflacionários a desigualdade aumentou muito no Brasil porque quem tem mais dinheiro se protege mais da inflação do que quem tem menos”, continuou.
Ao longo da apresentação, Campos Neto enfatizou a melhora nos indicadores fiscais do país. Ele argumentou que a dívida pública terminará o ano próxima a 82% do PIB, estimativa semelhante à feita antes da pandemia de Covid-19.
“Mesmo com tudo que foi feito [em programas de incentivo], vimos que a recuperação foi melhor da economia e a recuperação do fiscal também foi melhor. Entendemos que uma parte disso é inflação, mas, de novo, existe uma parte que não é”, colocou.