A tendência da volta do investidor para a renda fixa, impulsionada pela alta das taxas de juros, se confirma com os últimos dados do setor de fundos de investimento. Ainda que as aplicações nessa classe de ativos tenham recuado em setembro ante agosto, de R$ 50,5 bilhões para R$ 43,9 bilhões, no acumulado do ano, houve um salto de 10 vezes na captação líquida (diferença entre aplicações e resgates), passando de R$ 21,8 bilhões no mesmo período do ano passado, para R$ 237,2 bilhões. Na comparação com setembro do ano passado, houve um crescimento de 77,7%. Os dados foram divulgados hoje pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A migração da renda variável para a renda fixa se comprova com os dados dos fundos de ações. Em setembro, fundos de ações tiveram mais resgates do que aplicações, de R$ 3 bilhões. No mesmo mês do ano passado, por outro lado, houve captação líquida de R$ 4,3 bilhões.
No total, a indústria de fundos de investimento registrou captação líquida de R$ 22,1 bilhões no mês passado, valor 52,7% inferior aos R$ 46,7 bilhões registrado em setembro de 2020. No entanto, no acumulado do ano, a captação líquida saltou 83,8%,na comparação com o mesmo período do ano passado.
Outro destaque na comparação entre setembro deste ano e de 2020, são os fundos cambiais, que tiveram captação líquida de R$ 171,7 bilhões ante resgate líquido de R$ 26,9 bilhões. O movimento pode ser explicado pela valorização do dólar, que em 2021, acumula alta de 4,97%.
Os ETFs (fundos de índices negociados em bolsa) seguem correndo por fora, também apresentando forte atratividade, passando de uma captação líquida de R$ 933 milhões, em setembro do ano passado, para R$ 2,1 bilhões no mês passado.
Já os fundos multimercados registraram resgate líquido de R$ 13,4 bilhões, em setembro, ante captação líquida de R$ 8,2 bilhões no mesmo mês de 2020. No entanto, no ano, as captações superam os resgates, com R$ 77,3 bilhões de saldo, ante os R$ 85,2 bilhões no mesmo período do ano passado.
No ano, o patrimônio líquido (total de recursos aplicados) da indústria de fundos cresceu 17,4%, na comparação com 2020, passando de R$ 5,8 trilhões para R$ 6,8 trilhões.