O comércio brasileiro está reagindo e mostrando resiliência mesmo diante de um cenário interno de juros elevados e de incertezas externas, como no caso do tarifaço imposto aos produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos.
A opinião foi dada nesta quinta-feira (15) pelo presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), José Roberto Tadros.
O dirigente comentou os resultados da Pesquisa Mensal de Comércio divulgada pelo IBGE, que registrou crescimento de 0,2% do setor varejista no mês de agosto.
O índice de crescimento obtido em agosto reverteu quatro meses de resultados negativos do comércio brasileiro.
Ainda segundo a pesquisa do IBGE, neste ano de 2025, o varejo acumulou crescimento de 1,6%. Já o acumulado de 12 meses apresenta um resultado positivo de 2,2%.
Comércio cresce apesar do alto patamar dos juros
Para o presidente da CNC, o indicador sinaliza estabilização do varejo em um cenário de juros elevados e incertezas externas, mesmo que os 0,2% alcançados em agosto tenham sido um crescimento modesto.
José Roberto Tadros disse que o levantamento do IBGE projetando uma perspectiva de manutenção do cenário de estabilidade em setembro e também no último trimestre do ano.
“O resultado de agosto é indício de que nosso comércio está estruturado de maneira capaz de absorver, até o momento, os impactos externos do tarifaço americano sem reverberar ao consumidor final”, afirmou o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac.
O levantamento realizado pelo IBGE revelou que o setor de hipermercados e supermercados foi o principal motor da recuperação, com crescimento de 0,4% no mês.
O resultado coincide com a queda dos preços dos alimentos: no IPCA de julho e agosto, a alimentação no domicílio recuou 0,69% e 0,83%, respectivamente, estimulando o consumo das famílias.
O comércio varejista ampliado, que inclui veículos e material de construção, apresentou desempenho ainda melhor, com alta de 0,9% em agosto.
O setor de veículos, motocicletas e peças cresceu 2,3%, enquanto material de construção avançou 0,1%, mantendo trajetória de recuperação após fortes quedas em maio e junho.
Tarifaço não chegou a causar estragos no comércio
A CNC também avaliou que apesar do tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos às exportações brasileiras, o comércio interno mantém-se resiliente.
A entidade afirma que os efeitos do aumento tarifário permanecem concentrados no setor externo, sem impactos relevantes no consumo doméstico.
A Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE mostrou também que houve taxas positivas na passagem de julho para agosto em cinco dos oito setores do comércio varejista.
Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (4,9%), tecidos, vestuário e calçados (1), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,7%) foram os três setores responsáveis pela taxa positiva de agosto.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas cresceu 0,9% em agosto na comparação com julho.