A regra é uma só: a desvalorização do real frente ao dólar impulsiona o agronegócio brasileiro. Os resultados positivos vem propiciando um bom volume de exportações desse setor, haja vista que a alta da moeda americana deve beneficiar os preços dos produtos de exportação brasileiros no mercado externo.
Entre os três primeiros meses de 2020, com o dólar acima de R$ 5, as exportações do agronegócio do Brasil registraram o melhor resultado da série histórica, com US$ 42 bilhões (R$220 bilhões, na cotação atual) movimentados.
Apesar da variação cambial ser positiva para o agronegócio, o lucro não tem regressado para a economia brasileira. Este momento de instabilidade política e monetária tem causado uma insegurança nos exportadores que, por sua vez, não estão retornando o lucro em dólar para o Brasil.
Neste cenário de alta do dólar e um novo ciclo de valorização de commodities agrícolas e metálicas, os exportadores têm preferido manter seus dólares longe do Brasil diante da fragilidade atual.
Ao passo que os exportadores deixam os lucros estacionados em outros cofres, que não os nacionais, não colabora no levantamento do valor do real e, ao mesmo tempo, essa dinâmica acaba por impulsionar o aumento do valor da moeda norte-americana.
Na comparação com outros países bastante endividados (com relação dívida bruta/PIB acima de 65%), é no Brasil onde o dólar mais sobe.
Neste ciclo, a inflação se vê cada vez mais tensionada e com isso, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o indicador oficial de inflação da baixa renda, atinge a casa dos 5,9%, estando em uma das maiores altas para o período em duas décadas.