Como pior crise hídrica dos últimos 100 anos pode afetar economia

Entenda: como a crise hídrica afeta a economia

A crise hídrica, marcada pelo baixo nível dos reservatórios das usinas e pelas poucas chuvas, tem sido bastante comentada nas últimas semanas depois que o governo decretou, junto ao Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), situação de urgência, o pior em 111 anos, em um alerta para a região hidrográfica da Bacia do Rio Paraná, que engloba os Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, de junho a setembro de 2021.

Para o Head de Renda Variável da BP Money, Pedro Queiroz, a questão pode afetar gravemente o crescimento da economia brasileira em curto e médio prazo, além de pressionar ainda mais a inflação.

“Hoje o que vemos é uma economia que está a caminho de aquecimento, com o PIB demonstrando uma retomada. A partir daí, vemos, também, um cenário inflacionário e acaba que a crise hídrica seria a tempestade perfeita para esse risco inflacionário, refletindo na bandeira vermelha e no aumento de custo da energia, principalmente para os estados da região sudeste”, explicou.

O acréscimo nas tarifas de água citado pelo Head, já tem sido observado. Para junho, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) definiu que as contas de luz vão indicar a bandeira vermelha, patamar 2, sendo a cada 100 kWh consumidos terá o valor adicional de R$ 6,24,  podendo afetar o IPCA, que já está rodando acima da meta no acumulado em 12 meses.

Além da inflação e aumento nas contas, o especialista também citou as instituições mais afetadas com o processo de crise da água, pois possuem grande participação hídrica no portfólio, o que agrava a adversidade.

“Olhando para mercado, existem duas empresas em potencial que poderiam sofrer com a crise hídrica, a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e a AES Brasil”, disse.

As empresas já tiveram redução na produção de energia elétrica no primeiro trimestre, em 21% e 22%, respectivamente. Demonstrando que o impacto do déficit hídrico já é uma realidade para algumas geradoras, como previsto por Queiroz.

Ainda segundo Pedro, as mais prejudicadas dentro do seguimento de energia tem o setor de geração e de distribuição, que acaba tendo que adquirir energia do mercado mais cara.

“Toda essa problemática remete na chuva de inflação. Se temos uma economia crescendo, ela vai demandar mais energia. Mas como demandar mais energia se existe uma possível escassez? O caso ainda vem sendo bastante debatido e é algo que o Brasil possa enfrentar nos próximos anos”, concluiu.

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