Movimento do comércio popular no Brás no mês do Natal. (Foto:
Rovena Rosa/Agência Brasil)
Movimento do comércio popular no Brás no mês do Natal. (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

O ICEC (Índice de Confiança do Empresário do Comércio) recuou 1,1% em outubro, na comparação com setembro, e marca o quarto mês de queda do dado. O indicador alcançou 95,7 pontos após o ajuste sazonal, permanecendo abaixo de 100 pelo segundo mês e registrando o menor nível desde maio 2021 (94,7 pontos).

Dados foram divulgados pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) nesta terça-feira (28).

De julho a outubro, o Icec acumula uma queda de 10,3%, trajetória que não era observada desde o início da pandemia de Covid-19. Em setembro, 46% dos varejistas projetavam piora na economia brasileira – o maior percentual de pessimistas desde o levantamento feito em julho de 2020.

“Os dados confirmam a percepção de cautela sobre os negócios, pressionados pela taxa de juros elevada, incerteza econômica e deterioração das expectativas para os próximos seis meses”, afirmou o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.

Investimentos e contratações em forte retração e expectativas

As intenções de investimento recuaram para 99,6 pontos em setembro, abaixo do nível neutro pela primeira vez desde novembro de 2023 e com queda anual de 4%.

A retração mais expressiva ocorrei na intenção de contratar funcionários, que recuou 121,1 pontos em junho para 112,3 pontos em setembro (queda mensal de 4,2% e anual de 5,9%). Os investimentos em expansão da empresa também recuaram e chegaram a 94,7 pontos, evidenciando o impacto direto da Selic elevada no custo do crédito.

O setor de bens duráveis – dispositivos eletrônicos, eletrodomésticos, móveis e veículos – apresentou a maior queda no Icec do de outubro, com queda de 13,7% no somatório anual. O segmento é altamente sensível às taxas de juros, já que compras de maior valor dependem de financiamento.

Já no componente de expectativas do Icec, que mede a projeção dos empresários para os próximos seis meses, teve a queda mais acentuada do período: despencou de 134,9 pontos em julho para 119,3 pontos em setembro, retração de 11,6% no trimestre. A variação anual chegou a 12,9%.