O mercado amanheceu com a notícia de que Israel teria atacado o Irã na noite de quinta-feira (18). Como consequência, as bolsas reagiram com queda, ditando o tom dos investidores, mas mesmo com as tensões geopolíticas, analistas apontam que os conflitos não devem se estender.
“A relação entre os dois países, Irã e Israel, nunca foi boa. Na verdade, eles estão sempre meio que em pé de guerra. Inclusive, a indústria atômica do Irã existe muito com essa premissa de querer atacar Israel”, explicou Pedro Tiezzi, especialista em alocação de recursos da SNV Investimentos.
Contudo, ele pontua que, embora o ato atípico, que também chamou de “pífio”, tenha abalado as bolsas globais, o conflito não “deve ter grandes escaladas”.
Além disso, o Irã já declarou não ter intenção de retaliação imediata contra Israel. Com os investidores digerindo a informação, os mercados operaram de forma mista durante a tarde.
Mesmo com os ânimos se acalmando, por volta das 16h55 (horário de Brasília), o dólar registrava leve queda de 0,93%, após ter registrado alta de mais de 4%.
Analista vê impacto maior do conflito na Europa e na Ásia
Com a flutuação nos preços dos mercados nesta manhã de sexta-feira (19), o gerente de portfólio no time de Multi Ativos da Janus Henderson, Oliver Blackbourn, aponta que as regiões mais impactadas no âmbito internacional são a Europa e a Ásia.
Segundo o analista, os países são os mais dependentes das exportações de petróleo da região.
“Preços mais altos do petróleo pesariam contra a melhoria no ambiente de produção que tem ajudado a impulsionar essas regiões. Novos aumentos graduais no preço do petróleo que aumentem os rendimentos das obrigações também poderão, em última análise, ser negativos para os mercados de ações”, explicou Blackbourn ao BPMoney.
Desta forma, ele pontua que possíveis disrupções no fornecimento ou a elevação significativa nos custos de energia poderiam afetar os países de diversas formas.
Brasil é impactado com ‘Risk-off’
O especialista em alocação de recursos da SNV Investimentos, Pedro Tiezzi, pontuou que os impactos no Brasil não seriam ligados a commodities, mas sim a retiradas de investimentos.
Ele explica que o País pode “sofrer um momento de risk-off”, ou seja, grandes investidores podem não querer se dispor a certos riscos e, consequentemente, reduzirem suas exposições a empreendimentos brasileiros.
“No curto prazo, impacto direto no Brasil, eu entendo ser muito baixo”, concluiu o especialista.