Déficit primário

Contas do governo têm rombo de R$ 38,8 milhões em junho

Resultado é o 4º pior para o mês desde o início da série histórica; no acumulado em 12 meses, o rombo nas contas até junho é de R$ 260,7 bi

Contas públicas
Foto: Divulgação

As contas do governo federal apresentaram déficit de R$ 38,8 bilhões em junho, segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional nesta sexta-feira (26).

O resultado é o quarto pior para o mês desde o início da série histórica do Tesouro, que começa em 1997.

O déficit primário ocorre quando as receitas com tributos e impostos ficam abaixo das despesas do governo. Ou seja, quando o governo gasta mais do que arrecada.

No acumulado em 12 meses, o déficit até junho é de R$ 260,7 bilhões – o equivalente a 2,29% do PIB (Produto Interno Bruto).

O déficit nas contas acontece mesmo com arrecadação recorde em junho.

O déficit acumulado no ano, no período de janeiro a junho, é de aproximadamente R$ 68,7 bilhões. O valor está acima da previsão de R$ 61,4 bilhões de déficit no fechamento de 2024, divulgada pelo governo no início da semana.

Haddad anuncia corte de R$ 15 bi no Orçamento de 2024

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), anunciou nesta quinta-feira (18), após a reunião com a JEO (Junta de Execução Orçamentária), o corte de R$ 15 bilhões do Orçamento de 2024 para o cumprimento do arcabouço fiscal.

“Nós vamos ter que fazer uma contenção de R$ 15 bilhões para manter o ritmo de cumprimento do arcabouço fiscal até o final do ano, consistindo em R$ 11,2 bilhões de bloqueio, em virtude de um excesso de dispêndio acima dos 2,5% previstos no arcabouço fiscal, e de R$ 3,8 bilhões de contingenciamento, em virtude da receita, particularmente em função do fato de que ainda não foram resolvidos os problemas pendentes [sobre compensação da desoneração]”, explicou Haddad, de acordo com o “Metrópoles”.

Nesta tarde, o ministro se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), juntamente com outros ministros da equipe econômica, para bater o martelo sobre o quadro fiscal, bloqueios e contingenciamentos no Orçamento.

Especialistas ouvidos pelo BP Money, no entanto, ressaltaram que a medida ainda é insuficiente para atingir a meta de déficit zero.

“Me pergunto se isso será suficiente para cumprir o arcabouço fiscal. Esse congelamento é um bom começo, mas por si só pode não resolver nossos problemas fiscais”, afirmou André Sandri, sócio da AVG Capital e fundador do EDUCA$.

De acordo com Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, embora o anúncio de congelamento de R$ 15 bilhões “seja positivo”, a expectativa do mercado era de um corte de R$ 25 bilhões.

“A declaração de Haddad trouxe algum alívio temporário, com uma leve recuperação da bolsa e uma pequena queda do dólar, mas o mercado permanece tenso. O governo precisará melhorar significativamente sua comunicação para convencer o mercado de que está fazendo o máximo possível dentro das limitações atuais”, pontuou Laatus.