Os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiram reduzir a taxa de juros básica do Brasil em 0,25 ponto porcentual, levando a Selic a 10,50% a.a. O anúncio ocorreu no início da noite desta quarta-feira (8).
Esse se concretiza como o sétimo corte seguido, desde agosto, quando a autoridade monetária interrompeu o ciclo de aperto monetário.
Diferente das últimas reuniões, a desta quarta foi marcada por incertezas, com uma votação apertada em um resultado de 5 a 4. Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira votaram para 50bps.
Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual o presidente Roberto Campos Neto e os diretroes, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes.
Especialistas ouvidos pelo BP Money antes do resultado se dividiram entre cortes de 0,25p.p. ou 0,50p.p..
Na ocasião, prevaleceu a opinião de Ana Paula Carvalho, planejadora financeira da AVG Capital. Para ela, a projeção de redução mais moderada se dava ao cenário internacional, com incertezas relacionadas às decisões de juros nos EUA e a questões geopolíticas em países produtores de petróleo.
“A expectativa de um corte menor veio após o comunicado da ata da última reunião em março, na qual alguns membros do comitê argumentaram que, se a incerteza prospectiva permanecesse elevada, um ritmo mais lento de distensão monetária poderia revelar-se apropriado”, avaliou.
Copom aponta serenidade e moderação
Para o Comitê, a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação desancoradas e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.
Como esperado pelo consenso LSEG de analistas, a decisão foi a de não seguir a sinalização (“forward guidance”) da reunião de março, que previa um corte da mesma magnitude do anterior, de 0,50 p.p. caso o cenário esperado se concretizasse.
Inflação persistente e tragédia no RS causam impactos
De acordo com Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital os sinais apontam para uma inflação persistente neste momento.
“Existem sinais cada vez mais fortes de que a inflação está persistente e de que temos uma dependência muito grande do mercado internacional, que vem sofrendo com a persistência da inflação”, avaliou.
Além disso, o especialista também acredita em um “sinal claro” em decorrência da tragédia no Rio Grande do Sul. “Vai ser um fator contribuinte para fazer a inflação resistir ainda mais, ou levemente pressionar índice para cima. A redução de 0,25 ponto percentual é um sinal claro e a confirmação de que não é possível manter o ritmo de queda como se vê”.