Um corte de 0,50 p.p. (ponto percentual) da Selic (taxa básica de juros) na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) pode ser lido como um erro de sinalização muito grande por parte da autarquia. O movimento viria em um cenário em que membros do comitê já induziram uma precificação no mercado para um corte de 0,25 p.p.
A reunião do Copom está prevista para ocorrer nesta semana.
A avaliação em relação ao corte é do sócio-fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall.
“Claramente a maioria dos analistas e economistas de mercado previam um corte de 0,50 ponto, mas houve uma mudança e agora o call para cerca de dois terços do mercado é de corte de 0,25 ponto”, apontou Kawall. “Pela comunicação [de membros do Copom], você claramente induziu a uma determinada preferência”, disse Kawall, de acordo com o “Broadcast”.
No entendimento do ex-secretário do Tesouro, um corte de 0,25 ponto agora significa que não seria possível haver uma retomada no ritmo de 0,50 p.p à frente.
“Se o BC der 0,25 ponto agora e de repente vêm dois meses de inflação benigna lá fora, não há nenhum problema de ele [BC] voltar ao ritmo anterior. Há ciclos de política monetária que são assim”, exemplificou.
Copom: com novo cenário, mercado espera divergência nos votos
As recentes mudanças no cenário macroeconômico dos EUA e do Brasil estão alimentando a expectativa de divergência na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central).
A reunião para determinar a Selic, a taxa básica de juros, está marcada para quarta-feira (8). Nas últimas cinco reuniões, houve consenso no Banco Central em relação ao corte de 0,5 ponto percentual. Atualmente, a taxa está em 10,75% ao ano.
Em março, o Copom indicou que seguiria a mesma intensidade de redução na reunião de maio, “caso o cenário esperado se concretizasse”.