Nova alta

Copom decide juros, e mercado se divide sobre Selic

Dados mais recentes de inflação e atividade são usados como argumento por economistas

(Foto: Divulgação / Banco Central)
(Foto: Divulgação / Banco Central)

O mercado financeiro chega à reunião do (Comitê de Política Monetária) Copom desta quarta-feira (18), dividido entre a manutenção da taxa Selic em 14,75%, e nova alta, dessa vez 0,25 ponto percentual, para 15%.

Dados mais recentes de inflação e atividade são usados como argumento por economistas que apostam no fim do ciclo de alta dos juros.

Já os que projetam uma nova elevação destacam que as expectativas inflacionárias ainda estão distantes da meta de 3% e que os diretores do BC têm adotado um tom mais prudente em suas últimas falas.

Em 14,75%, a Selic está no maior nível desde o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em agosto de 2006. Caso suba para 15%, será o valor mais alto desde julho daquele ano.

No encontro de maio, o Copom deixou em aberto seus próximos passos, e disse que o cenário demandava “cautela adicional” na condução dos juros e flexibilidade para avaliar os dados que impactam a dinâmica inflacionária. 

“Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação.”

O comitê se mostrava mais inclinado a encerrar o ciclo iniciado em setembro, desde lá, se foram seis aumentos consecutivos, totalizando 4 pontos percentuais de aperto. 

Na ata, o Banco Central afirmou que a política monetária já vinha atuando no sentido de desacelerar a atividade econômica – condição vista como essencial para conter a inflação.

Os dados divulgados posteriormente reforçaram essa leitura: indicadores setoriais mostraram desempenho mais fraco e o IPCA veio abaixo do esperado, inclusive em categorias de preços mais sensíveis à taxa básica de juros.

No entanto, a comunicação oficial dos integrantes do Copom seguiu cautelosa, o que, na avaliação de parte do mercado, indica que o colegiado prefere manter todas as opções em aberto, sobretudo em um cenário em que as projeções e expectativas de inflação ainda estão distantes da meta de 3,0%. A atividade econômica, apesar de dar sinais de moderação, continua aquecida, com forte geração de empregos.

Atualmente, o Copom concentra seus esforços em trazer a inflação para a meta no final de 2026. Em maio, sua projeção oficial para esse horizonte era de 3,6%. Já no Boletim Focus, a mediana está em 4,5%, no limite superior da meta.

 “Estamos ainda discutindo o ciclo de alta, o que vamos tomar de decisão. A flexibilidade significa que nós estamos abertos a chegar na próxima reunião para tomar essa decisão sobre o que fazer”, disse o presidente do BC, Gabriel Galípolo.

Copom: mercado reavalia apostas após novos dados

O BTG Pactual também passou a incorporar uma alta adicional de 0,25 ponto, projetando a Selic em 15% até o fim de 2025. Para o banco, a comunicação anterior deixou a decisão em aberto, condicionada à evolução dos dados.

 Desde então, os indicadores divulgados mostraram uma atividade resiliente, inflação de serviços ainda elevada e expectativas desancoradas, o que reforça a necessidade de um ajuste residual.