Copom espera desaceleração do ritmo da atividade econômica

De acordo com a ata do Copom, os recentes números do mercado de trabalho sugerem “perda de dinamismo”

A ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) da semana passada foi divulgada nesta terça-feira (07). No documento, o Banco Central escreveu que os dados de atividade no Brasil seguem indicando um ritmo de crescimento mais moderado e que os números do mercado de trabalho sugerem “perda de dinamismo”. 

“O conjunto de dados divulgados, incluindo a queda dos indicadores de confiança e a desaceleração observada nas concessões de crédito, junto com os efeitos defasados da política monetária, reforçam a expectativa do Comitê de desaceleração do ritmo da atividade econômica, que deve se acentuar nos próximos trimestres”, disse o BC.

De acordo com a ata do Copom, alguns membros do comitê observaram que há um movimento de recomposição parcial de perdas recentes nos salários reais, mas que esse movimento é esperado.

“O Comitê seguirá acompanhando as divulgações do mercado de trabalho, avaliando continuamente qual o papel da inflação defasada e das pressões no mercado de trabalho sobre os reajustes salariais”, disseram os membros do BC.

O Copom ainda escreveu que “houve uma desaceleração da atividade, do crédito e, mais recentemente, do mercado de trabalho”. O comitê notou também que não houve mudança significativa nas perspectivas de crescimento recentemente.

“Alguns membros ressaltaram que a desaceleração deve prosseguir e é necessária para que os canais de política monetária atuem e ocorra a convergência da inflação para suas metas”, ressaltou a ata do Copom.

Parceiros

Haddad: nota do Copom podia ser mais generosa com governo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na segunda-feira (6), que o Banco Central “poderia ter sido mais generoso” com o governo no comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária), que sinalizou incertezas fiscais. De acordo com o chefe da pasta, a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva herdou uma “situação fiscal delicada” do governo Jair Bolsonaro.

“Nós não vamos em 30 dias de governo resolver um passivo de R$ 300 bilhões que foi herdado do governo anterior. Mas o nosso compromisso é com o equilíbrio das contas e anunciei no dia 2 de janeiro o que vamos perseguir por resultados melhores. E nesse particular eu penso que a nota do Copom poderia ser mais generosa com as medidas que já tomamos”, afirmou Haddad, segundo o “Infomoney”.

Ainda de acordo com o petista, ao citar incertezas fiscais existentes, fazia referência ao que chamou de “legado do governo anterior”. ““Eu creio que o que Banco Central disse faz mais referência ao legado do governo anterior do que as providências que estão sendo tomadas por esse governo”, apontou.

“Vamos falar das medidas tomadas no primeiro dia de governo revogando a irresponsabilidade dos 10 últimos dias do governo anterior que tomou cinco medidas desonerando uma série de setores e prejudicando a arrecadação do primeiro ano do governo Lula. Existe uma situação fiscal que inspira cuidados, mas isso é uma herança que temos que administrar”, completou Haddad.