Política monetária

Copom 'duro' é positivo no curto prazo, mas ruim no longo; entenda

"O guidance para os próximos passos ficou em aberto, mas não parece tender a um ciclo gradual", disseram analistas do BTG

Copom
Copom/ Foto: Divulgação

Após iniciar o ciclo de aperto monetário com a alta modesta da Selic (taxa básica de juros), divulgada na véspera pelo Copom (Comitê de Política Monetária), o BC (Banco Central) deverá ser mais agressivo em seus próximos movimentos, e os ativos nacionais devem passar por um período positivo, mesmo que curto.

Na noite de quarta-feira (18), após o fechamento dos mercados, os membros do Copom decidiram elevar a Selic em 0,25 p.p. (ponto percentual), para 10,75% ao ano, no primeiro aumento de juros da entidade em cerca de dois anos. A decisão veio na contramão da onda de flexibilização nas grandes economias.

A decisão do comitê foi unânime. De acordo com o comunicado, o Copom passou a ver um cenário com risco mais elevado de alta da inflação à frente, bem como um possível superaquecimento da economia nacional, o que justificou o movimento.

Apesar de a alta da Selic ter sido um consenso no mercado, analistas avaliaram que o comunicado do órgão foi “duro” e mais inclinado para o “lado hawkish” (inclinado para a alta de juros), concluindo que os próximos movimentos do BC devem ser mais agressivos.

Segundo analistas do BTG Pactual (BPAC11), a postura geral do Copom foi mais “hawkish” do que a maioria dos participantes do mercado esperava. “O guidance para os próximos passos ficou em aberto, mas não parece tender a um ciclo gradual”, afirmou o relatório, de acordo com o “InfoMoney”.

Itaú (ITUB4) também espera que Copom acelere altas nas próximas decisões

Após a decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, de 10,5% para 10,75%, conforme previsto, o Itaú (ITUB4) afirmou esperar um ritmo mais acelerado nas próximas elevações.

O banco projeta dois aumentos consecutivos de 0,5 ponto percentual, “a menos que ocorra uma melhora significativa no cenário econômico”, ressaltou a instituição.

Em relatório direcionado a clientes e ao mercado, o Itaú afirmou que projeta a taxa básica de juros encerrando 2024 em 11,75%, com o ciclo de alta chegando a 12%. “Tendo em vista que a projeção no horizonte relevante está em 3,5%, esperamos, hoje, um ciclo de 150 pontos-base.”

Em um relatório assinado pelo economista-chefe Mario Mesquita, o Itaú observou que o comunicado deixou em aberto tanto o ritmo quanto a magnitude do ciclo de política monetária.