Política monetária

Copom e Fed: o que esperar da 1ª ‘Super Quarta’ do ano?

O Copom e o Fomc divulgarão nesta quarta-feira (29) suas decisões sobre os rumos da política monetária no Brasil e EUA

Foto: CanvaPro
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A primeira “Superquarta” de 2025 promete movimentar o mercado financeiro em uma visão pessimista para o Brasil e um pouco mais otimista para os EUA. Na visão dos analistas, o cenário macroeconômico exerce pressão para que o Copom eleve a taxa de juros brasileira, ao passo que o Fed não deve fazer alterações lá fora.

O Copom (Comitê de Política Monetária) e o Fomc (Comitê de Mercado Aberto do Fed) divulgarão nesta quarta-feira (29) suas decisões sobre os rumos da política monetária. Além do patamar dos juros, os membros dos colegiados também darão maiores esclarecimentos sobre o que embasou a escolha final e o que os agentes financeiros podem esperar nas próximas reuniões.

No caso da Selic (taxa básica de juros), espera-se que o Copom decida pela elevação em 1 ponto percentual, levando a taxa a 13,25% ao ano. Na reunião realizada em dezembro, o BC (Banco Central) indicou um guidance de outras 2 elevações de 1 ponto percentual cada este ano, sendo assim, os juros brasileiros devem chegar a 14,25% em março.

“O principal fator a ser analisado, na minha opinião, é a nossa inflação que hoje está no patamar de 4,5% nos últimos 12 meses, acima da meta, o que corrobora com esse aumento. Dito isso, a pressão inflacionária continuará à frente nos próximos anos”, disse Carolina Bohnert.

Esta será a primeira reunião do colegiado sob o comando de Gabriel Galípolo, novo presidente do BC, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para substituir Roberto Campos Neto, que finalizou seu mandato em 31 de dezembro. Galípolo será chefe da autarquia até 2028.

Em paralelo a isso, a expectativa é que o Fed (Federal Reserve) mantenha a taxa de juros dos EUA inalterada. O sócio da The Hill Capital, Marcelo Bolzan, acredita que ao longo do ano a autoridade monetária deve fazer apenas 1 ou 2 cortes nos juros.

“Nesse cenário, acredito que o investidor pode aproveitar para investir lá fora aproveitando as taxas de juros que vão continuar altas”, disse. 

Além disso, as políticas econômicas de Donald Trump, que foi empossado como presidente dos EUA na segunda-feira (20), estão no radar do Fed desde o ano passado, quando o republicano venceu a eleição. Bolzan apontou que as medidas prometidas por Trump com tarifas e redução de impostos devem levar a inflação a subir, deixando os juros em patamares historicamente elevados.

Enquanto isso, a economista da ASA, Andressa Durão, ressaltou que desde a última reunião realizada em dezembro, os dados de emprego apontam para um retorno a um cenário de mercado de trabalho apertado, enquanto o dado mais recente de inflação foi benigno.

“Não se espera alterações no comunicado, e novas projeções serão apresentadas apenas na reunião de março. Assim, o foco estará na coletiva de imprensa de Jerome Powell, que deve reforçar o discurso de que o Fed pode ser paciente enquanto a economia e o mercado de trabalho permanecem sólidos”, afirmou.

Onde investir com os juros altos após decisões do Copom e do Fed?

Diante da tendência de juros mais elevados no Brasil e também nos EUA, Caroline Bohnert avaliou que os ativos mais beneficiados serão os pós-fixados, que podem ser acessados através do Tesouro Selic, CDB (Certificado de Depósito Bancário), LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), fundos de investimentos de renda fixa e títulos emitidos por empresas.

“Gosto muito também dos ativos prefixados, uma vez que permite ter uma previsibilidade de rendimento e um planejamento mais seguro. Como são taxas pré-definidas no momento da aplicação, elas são protegidas contra a volatilidade de mercado. Os tipos de ativos a serem escolhidos vão depender do apetite a risco e os objetivos de cada investidor”, afirmou.

Por sua vez, Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital, indicou que os ativos ligados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – medidor oficial da inflação – são interessantes, especialmente com prazos mais longos, enquanto os pré-fixados podem ser uma escolha mais arriscada.

“A proteção contra a inflação continua sendo um atrativo, na minha visão, principalmente quando as taxas oferecidas nos títulos do governo estão em níveis acima de 7% ao ano. Isso proporciona ao investidor não só a proteção da variação da inflação, mas também um retorno real consistente ao longo do tempo”, sinalizou ela.

No caso dos pré-fixados, ela acredita que eles se tornam mais vulneráveis com a expectativa de elevação da Selic e também da inflação. 

“Minha recomendação seria limitar a exposição a 2,5% para clientes com perfil arrojado e evitar para perfis conservadores, dada a volatilidade que esse tipo de ativo pode apresentar”, indicou.

Por fim, a sócia da AVG Capital observou que, em termos de alocação, a combinação de ativos indexados ao IPCA com um pouco de exposição a prefixados pode fazer sentido para investidores mais agressivos, mas ainda é preciso manter a cautela.

Já para os investidores de perfil mais conservador, manter a exposição maior em ativos ligados ao IPCA, ou até mesmo em fundos de renda fixa mais conservadores, pode ser mais adequado neste momento, explicou Ana Paula Carvalho.