Pré-Copom

Copom: economistas preveem manutenção da Selic em 10,5%

A estabilidade da taxa básica de juros, o cenário internacional e as perspectivas econômicas para o Brasil compõem um panorama de complexidade

Foto: Freepik
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central conclui nesta quarta-feira (19) sua reunião para decidir a nova taxa básica de juros do País.

A expectativa dos especialistas consultados pela reportagem, bem como das instituições financeiras consultadas pelo BC, é de que a Selic permaneça em 10,5% ao ano.

As visões sobre a estabilidade da taxa básica de juros, o cenário internacional e as perspectivas econômicas para o Brasil compõem um panorama de complexidade da economia nacional citados pelos economistas.

Para Nicolas Gass, CGA, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, a expectativa é de estabilidade na taxa básica de juros em 10,5%. O profissional menciona a preocupação com a inflação acima do esperado, principalmente considerando a manutenção dos juros nos EUAs. 

“Praticamente em unanimidade, ainda mais quando a gente olha lá pra fora. No cenário internacional, nos EUA, também tivemos essa decisão de manutenção da taxa básica de juros e basicamente o que a gente tem aqui são dois problemas”, avaliou.

Cenário fiscal brasileiro pode impactar Copom

O cenário fiscal brasileiro também é apontado como um ponto de atenção, com impactos significativos nas decisões do Copom.

Gass projeta uma possível redução adicional da taxa de juros caso haja uma diminuição nos juros nos EUA a partir de setembro. 

No entanto, ele ressalta que o cenário atual indica a manutenção dos juros em 10,5% até o final do ano, com um Banco Central (BC) mais cauteloso.

Também em resposta ao BP Money, Marcelo Bolzan, CGA, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, expressa a expectativa de interrupção do ciclo de cortes da Taxa Selic, mantendo-a em 10,50% ao ano.

Bolzan aponta para um contexto de maior volatilidade, influenciado por fatores tanto externos quanto internos, como a consolidação das expectativas de juros mais altos nos EUA e a aceleração da inflação medida pelo IPCA no Brasil.

Bolzan projeta um comunicado do Copom com um tom mais hawkish, destacando a necessidade de interrupção do ciclo de cortes devido à piora do balanço de riscos. “Esse ambiente de maior volatilidade é explicado tanto pelo cenário externo quanto interno”, afirmou. 

O especialista espera uma decisão unânime do colegiado e projeta a manutenção dos juros em 10,50% ao ano até o final de 2024.

O gestor e analista da Buena Vista Capital, Renato Nobile, analisa o cenário atual, apontando para uma mudança nas expectativas de mercado em relação aos juros. 

“Eu gosto sempre de dizer quando a gente fala de juros, independente se é cenário americano, cenário brasileiro, a gente vê que é algo dependente, altamente dependente de muitas e muitas variáveis”, disse.

Nobile projeta um cenário de manutenção dos juros, sem aumento e sem queda, em que o Copom deve manter os juros em 10,5%, considerando a direção do mercado externo e a necessidade de estabilidade fiscal interna.

Homero Guizzo, economista da Terra Investimentos, por sua vez também prevê a manutenção da Selic em 10,50% pelo Copom na reunião de junho. 

O profissional destaca o quadro de aperto do mercado de trabalho, o aquecimento da atividade econômica e a resiliência da inflação como fatores que sustentam a necessidade de manter a política monetária contracionista.

Guizzo enfatiza a desancoragem das expectativas de inflação e projeta a estabilidade da Selic como uma medida para garantir a estabilidade econômica no cenário atual.

“O quadro de aperto do mercado de trabalho, aquecimento da atividade (vide os números do PIB 1T 2024), resiliência da inflação corrente e desancoragem das expectativas de inflação nos leva a crer que o Copom, escorado na necessidade de manter o contracionismo da política monetária, deixe a Selic estável”, completou.