A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta sexta-feira que tem expectativa de uma melhora nas próximas decisões do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre os juros e que o BC (Banco Central) considere a situação econômica atual nas futuras reuniões.
“Eu tenho expectativa de que o Banco Central agora, a autoridade monetária, considere a realidade econômica do país, considere, enfim, a questão da inflação para ter uma política mais compatível com nossa realidade”, disse a ministra em entrevista à “CNN Brasil”.
“A gente tem condições de ter uma situação melhor na política monetária. É a minha expectativa com as futuras decisões”, completou Hoffmann.
Além disso, a ministra também lembrou que elevação da Selic para 14,25% ao ano já estava precificada pelo Copom desde o ano passado.
Copom indica avanço menor da Selic, mas segue preso à inflação
Sem surpresas para os agentes do mercado financeiro, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a Selic (taxa básica de juros) em 1 ponto percentual, levando os juros a 14,25% ao ano. O ponto de destaque, no entanto, foi a indicação de que nas próximas reuniões as decisões do colegiado devem ser em um nível mais ameno do que foram nas duas últimas decisões.
Este é o maior nível do índice desde 2016 e novamente a decisão foi unânime, como tem sido desde a reunião do Copom em junho do ano passado. O colegiado tem se mostrado comprometido em levar a inflação à meta de 3%. Atualmente o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) está em 5,06%.
Em paralelo a isso, a superquarta também teve decisão do Fed (Federal Reserve) em manter a taxa de juros na faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano, fato ao qual o Copom também esteve atento para finalizar sua decisão.
Na visão do economista da Corano Capital, Bruno Corano, enquanto os mercados globais seguem se apegando às declarações e projeções de Jerome Powell, presidente do Banco Central dos EUA, “pouco importa o que o Powell diz; o que importa é como os indicadores vão se comportar”, afirmou.
“O que na verdade chama a atenção, é que enquanto praticamente todo o resto do mundo reduz juros, ou, na pior das hipóteses, mantém, o Brasil é uma das poucas, se não a única economia, que precisa subir juros”, salientou Corano.
Em sua avaliação, a decisão do Copom em seguir aumentando a taxa Selic mostra “claramente”, que tem “algo errado com a nossa economia […] algo não está sendo corretamente gerenciado no Brasil”.
Já o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, comentou que a sinalização de dinamismo e moderação do crescimento da atividade econômica foram pontos relevantes no comunicado do Copom. Porém, há ressalvas quanto ao momento em que esse movimento deve se fortalecer, por isso, os membros não se comprometeram com um guidance exato.
“A porta está aberta para essas três possibilidades de elevação”, disse Gala. Logo, a Selic poderá ser elevada em 0,25, 0,50 ou 0,75 ponto percentual no futuro.