Após a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) em manter a Selic (taxa básica de juros) em 10,50% ao ano, o juro real do Brasil se tornou o 2º maior do mundo, entre 40 países.
Conforme pesquisa do economista Jason Vieria, divulgada na plataforma MoneYou, a taxa brasileira fica em cerca de 6,79% ao ano. Sendo assim, o Brasil segue atrás apenas da Rússia, cujos juros reais estão em 8,91% a.a.
O juro real impacta a economia mais que a taxa bruta, seu valor se refere à taxa de juros descontada da inflação. Para fazer o cálculo leva-se em consideração a inflação e os juros futuros, na estimativa para 12 meses, de acordo com a “CNN Brasil”.
No caso do Brasil, leva-se em conta a projeção da inflação coletada pelo Boletim Focus do BC (Banco Central), que é 3,96%. Além disso, a taxa de juros DI a mercado dos próximos 12 meses, no vencimento mais líquido, também entram para a conta.
Copom: decisão unânime afasta risco político, dizem especialista
A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) anunciada nesta quarta-feira (19) não mostrou grandes surpresas ao mercado, ao manter a Selic (taxa básica de juros) em 10,50% ao ano. No entanto, as atenções se voltam ao posicionamento unânime dos membros, que, para os analistas, foi algo positivo.
Os ruídos políticos que corriam nas últimas semanas lançaram sobre o mercado o receio de que as próximas decisões do Copom deixassem de ser técnicas, e sucubissem às interferências políticas.
Marcelo Bolzan, CGA, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, avaliou que a unanimidade elimina qualquer dúvida sobre a credibilidade da política monetária.
“Como esperava, o comunicado veio com tom mais hawkish. Depois do dissenso na última reunião, piora dos balanços de risco do último Copom para cá, maior preocupação com quadro fiscal e expectativas de inflação desancorando, a decisão precisava ser unânime e hawkish.”, afirmou.
“Na minha opinião, o mercado vai receber bem a decisão e o comunicado. Devemos observar queda no dólar e nos juros futuros, enquanto que a bolsa deve abrir em alta refletindo maior otimismo com a política monetária”, projetou Bolzan.