Os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiram manter a taxa de juros básica do Brasil, a Selic, em 10,50% a.a.
A decisão unânime é a mesma da última reunião, em junho, quando o comitê pôs fim ao ciclo de cortes de juros observados desde agosto de 2023.
O BP Money já havia antecipado a manutenção da Selic na assembleia desta quarta-feira (31). Especialistas previram que, diante dos riscos nos cenários interno e externo e do tom da última ata, o comitê agiria com cautela.
“Na ata da última reunião, o Copom avaliou o cenário externo como adverso e o interno desafiador pela ótica da inflação. Diante disso, é de se esperar que o comitê continue conduzindo a política monetária com maior cautela, se mantendo vigilante diante das incertezas”, disse Ana Paula Carvalho, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital.
Em relação às expectativas sobre os próximos passos do Copom, o mercado deve ficar de olho na mensagem da ata, que deve ser divulgada na terça-feira (6).
Marcus Labarthe, especialista em mercado de capitais e sócio-fundador da GT Capital, espera que a Selic permaneça estável até o fim de ano, mas chama atenção para a possibilidade de aumento.
Isso porque, na avaliação de Labarthe, a valorização do dólar e a piora na expectativa do IPCA afastam ainda mais as projeções de inflação para 2024 e 2025 no centro da meta oficial de 3%. Além disso, o risco fiscal no cenário doméstico também impacta a perspectiva para a inflação.
Copom reforça que a política monetária seguirá contracionista
Na decisão, o BC citou as incertezas sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária nos EUA e o esforço de outros bancos centrais em levar a inflação de seus países às metas estabelecidas.
“O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, disse o Copom.
Uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, disse o Copom, contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.
O Copom aproveitou para reafirmar que a política monetária seguirá contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide o processo de desinflação, bem como a ancoragem das expectativas em torno da meta.