Selic

Copom manteve tom ‘hawkish’ com decisão, diz analista

“Gabriel Galípolo fez o que era esperado, o necessário, e demonstrou que tem personalidade”, disse analista

Foto: Pixabay
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O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) anunciou sua decisão sobre a Selic (taxa básica de juros) nesta quarta-feira (29). A taxa passou de 12,25% para 13,25% ao ano e analistas avaliam que a autarquia manteve seu tom “hawkish” (mais agressivo).

Essa foi a primeira reunião de Gabriel Galípolo à frente do BC, bem como da nova composição da diretoria. A decisão de elevar a Selic em 1 ponto percentual já era amplamente aguardada, considerando que, em dezembro, a autarquia havia sinalizado mais dois aumentos de 1%.

“Em relação aos balanços de risco, eles repetiram exatamente o mesmo parágrafo sobre o cenário internacional e as preocupações com os Estados Unidos. Não houve nada de diferente em relação aos últimos comunicados”, comentou Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital.

Já no que diz respeito aos riscos domésticos, o comunicado apontou uma assimetria altista, atribuída à desancoragem das expectativas de inflação.

“Vale destacar que a magnitude do ciclo total e a Selic terminal vão depender da dinâmica da inflação. Ou seja, eles deixaram a porta aberta para ajustes conforme a inflação evoluir, o que me parece o cenário mais correto”, acrescentou Bolzan.

Copom: especialista diz que Galípolo ‘demonstrou que tem personalidade’

“Gabriel Galípolo fez o que era esperado, o necessário, e demonstrou que tem personalidade”, disse Bruno Corano, economista da Corano Capital.

Para o economista, o Galípolo agiu “baseado na razão, por princípios e fundamentos técnicos, o que é muito positivo para a saúde financeira do país”.

Mesmo com o tom “mais agressivo” do BC, casas como o Morgan Stanley e a XP já preveem a Selic em torno de 15% no terceiro trimestre de 2025.

“Esse pessimismo é explicado pela piora nas expectativas de inflação, que, pelo próprio Focus, já alcançaria 5,50% neste ano”, justificou Alexandre Dellamura, head de conteúdo da Melver e mestre em economia. O especialista pontou que a “ineficácia do arcabouço fiscal” também contribui.

No início de janeiro, Galípolo precisou justificar o estouro da meta de inflação em carta aberta ao ministro da Fazenda. “A inflação em 2024 ficou acima do intervalo de tolerância em decorrência do ritmo forte de crescimento da atividade econômica, da depreciação cambial e de fatores climáticos”, argumentou Dellamura.

Nas falas de Galípolo, não houve menção às decisões sobre a política fiscal ou à deterioração das contas públicas. Logo, levantaram-se dúvidas no mercado sobre a independência do presidente do BC.

No entanto, o que chamou atenção foi que, pela primeira vez, a diretoria do BC reconheceu que o fiscal impactou a política monetária e os ativos financeiros.