Os dados do CPI (Índice de Preços ao Consumidor) nos EUA trouxeram um tom de alívio e reforçaram a expectativa de um possível corte de juros pelo Fed (Federal Reserve) em setembro, segundo especialistas ouvidos pelo BP Money.
Com a desaceleração da inflação e sinais positivos na economia americana, especialistas veem um cenário favorável para uma flexibilização da política monetária, o que pode beneficiar tanto os mercados globais quanto os emergentes, como o Brasil.
Os dados divulgados nesta quinta-feira (11), pelo Departamento do Trabalho norte-americano, apontam uma queda de 0,1% em junho ante maio.
Dados do CPI surpreendem positivamente
Segundo Celson Placido, CEO da Asset Management Warren (AMW), os números preliminares do CPI foram melhores do que o esperado, gerando uma expectativa de que as taxas de juros nos EUA possam ser reduzidas em 25 pontos base a partir de setembro.
Ele observa que “o impacto disso no mercado brasileiro é positivo, visto que juros menores nos EUA aumentam o apetite dos investidores por países emergentes como o Brasil”.
Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, destaca que “o CPI veio abaixo do esperado, com uma queda de 0,1% em junho, enquanto o núcleo de inflação teve alta de 0,1%”.
O economista explica que esses dados positivos mexeram inicialmente com as bolsas, criptomoedas e moedas globais, apesar de uma posterior correção. Cohen acredita que, se os dados continuarem a alinhar-se com as expectativas, o Fed pode sinalizar uma queda de juros a partir de setembro.
Desaceleração da inflação e impacto nos mercados
Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações, enfatiza a desaceleração da inflação “Os dados mostram uma queda de 0,1% na base mensal e desaceleração para 3% na base anual, abaixo das estimativas do mercado”, disse.
Murad sugere que essa redução fortalece a posição do Fed para uma possível flexibilização da política monetária, caso os próximos indicadores continuem positivos.
O especialista acrescenta que a desaceleração da inflação pode aliviar os consumidores americanos e sinalizar uma recuperação econômica estável nos EUA.
André Colares, CEO da Smart House Investments, por sua vez, concorda que a desaceleração da inflação americana é um sinal positivo para o Fed, indicando que as políticas de aperto monetário estão começando a surtir efeito.
“Esse cenário é favorável para o mercado financeiro global, incluindo o Brasil, pois pode aliviar as tensões sobre os custos de financiamento e estimular um ambiente de investimentos mais estável”, comenta Colares.
Expectativas para a política monetária do Fed
Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest, ressalta que a desaceleração da inflação nos EUA é um indicativo positivo, sugerindo uma melhoria contínua na economia americana.
Ele acredita que essa tendência pode levar a uma redução das taxas de juros nos próximos períodos, facilitando a vida dos americanos e diminuindo a desconfiança global em relação à economia dos EUA.
No entanto, Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, adverte que, apesar dos dados favoráveis, o Fed ainda pode esperar até dezembro para cortar os juros.
“O acumulado de 12 meses ainda está em 3%, acima da meta de 2%”, explicou Eyng, que também destacou que a geração de empregos nos EUA permanece aquecida, o que pode influenciar a decisão do Fed.
Índice DXY cai após CPI
Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, vê o CPI como um fator positivo para a possível redução dos juros em setembro.
“O DXY, o dólar, caiu fortemente frente às moedas globais”, mencionou Laatus, o que, segudno ele, sugere um ânimo no mercado e indica um cenário favorável para cortes de juros.
José Alfaix, economista da Rio Bravo, observa que a divulgação do CPI de junho reforça a percepção de retração da economia norte-americana.
O economista destaca que o comportamento da inflação subjacente traz boas notícias, mostrando um crescimento inferior ao esperado.
Alfaix conclui que “o alívio já pode ser visto na curva de juros, que mostra achatamento depois da divulgação do dado”.
Pedidos semanais de desemprego nos EUA reforçam otimismo
Na última semana, o mercado de trabalho nos EUA apresentou resultados surpreendentemente positivos. O número de solicitações de auxílio-desemprego registrou uma queda maior do que a esperada, alcançando o menor nível desde o final de maio.
Especificamente, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego diminuíram em 17 mil na semana encerrada em 6 de julho, totalizando 222 mil após ajustes sazonais.
O resultado superou as previsões dos economistas, que esperavam 236 mil pedidos. Embora esse seja um indicativo favorável para a economia americana, a interpretação desses dados pode ser complicada pela volatilidade sazonal, especialmente devido às paralisações nas fábricas de automóveis.
A redução nos pedidos de auxílio-desemprego sinaliza um dado positivo, mas requer uma análise cautelosa por conta das variações sazonais.
A evolução do mercado de trabalho e as próximas decisões do Federal Reserve serão essenciais para compreender a direção da economia dos Estados Unidos.