Alta anual de 3%

CPI dos EUA sobe 0,5% em janeiro, acima do esperado

Inflação resistente segue pressionando as expectativas do Fed

CPI dos EUA sobe 0,5% em janeiro, acima do esperado

O CPI (índice de preços ao consumidor) dos EUA teve uma elevação de 0,5% em janeiro em relação ao mês anterior, quando havia subido 0,4% em dezembro. Economistas esperavam um aumento mais modesto de 0,3% para o período.

No acumulado de 12 meses, o CPI registrou um aumento de 3% em janeiro, comparado ao crescimento de 2,9% observado em dezembro. A previsão era de que o índice se mantivesse na mesma taxa de 2,9%.

O núcleo do CPI, que exclui alimentos e energia, que são mais voláteis, subiu 0,4% em janeiro de 2025, após um aumento de 0,2% em dezembro de 2024. O resultado ficou acima da expectativa de um aumento de 0,3%.

No comparativo anual, o núcleo da inflação cresceu 3,3%, superando os 3,2% de dezembro e também a previsão de uma alta de 3,1%.

Inflação resistente pressiona expectativas do Fed

O CPI dos EUA, referente a janeiro, trouxe números que refletem uma realidade econômica mais desafiadora. De acordo com Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, o crescimento do CPI “reforça os temores de que a inflação ainda permanece mais resistente do que se imaginava”, apontando para a continuidade de pressões inflacionárias, especialmente em setores como habitação. 

Igliori destaca que o aumento de 0,4% neste segmento, que representou mais de 30% do aumento total de preços, é um claro sinal de que a desaceleração da inflação, observada no final de 2024, pode ter sido temporária.

Em termos anuais, o CPI registrou um crescimento de 3%, o que está 0,2 ponto percentual acima das expectativas do mercado. 

A elevação, combinada com a recuperação das pressões nos preços da habitação, sugere que o cenário inflacionário dos EUA está longe de ser resolvido. 

Igliori explica que “os aumentos em itens como moradia tendem a ser mais persistentes, o que pode atrasar a ação do FED na redução das taxas de juros.” Essa persistência pode forçar o Federal Reserve a adiar os cortes que o mercado já precificava para o segundo semestre de 2025.

Além disso, o núcleo do CPI, que exclui alimentos e energia, também surpreendeu, registrando um aumento de 0,4% em janeiro. A leitura anual deste indicador chegou a 3,3%, superando as expectativas de 2,9% e retomando níveis observados em outubro de 2024. 

Igliori observa que esse comportamento “sinaliza que, mesmo com o FED adotando uma postura agressiva de aperto monetário, os efeitos sobre a inflação core ainda não são suficientes para uma reversão completa”. 

A surpresa nos números de janeiro aumenta as incertezas sobre os próximos passos do FED, com o mercado agora precificando um aumento nas taxas de juros de curto prazo e adiando a expectativa de cortes para dezembro.

Com base nesses dados, o economista-chefe alerta para uma possível maior volatilidade nos ativos de risco, que já reagiram com quedas nesta abertura de mercado, e um aumento nos juros futuros.

“As pressões inflacionárias em setores persistentes como a habitação poderão adiar tanto os cortes de juros quanto a recuperação da confiança nos mercados”, conclui Igliori.