Apesar da saída de bilhões de dólares da Bolsa brasileira, um novo movimento de investimentos para o exterior está sendo conduzido por investidores nacionais.
O movimento ocorre em um cenário de recordes históricos para a cotação do dólar, algo incomum. Tradicionalmente, o aumento do dólar costuma fazer com que os investidores evitem investimentos internacionais, pois consideram a operação de maior risco e de curto prazo.
Quando a moeda americana sobe muito, muitos acreditam que perderam a oportunidade e aguardam uma queda na cotação para investir.
Este ano, no entanto, o aumento no fluxo de investimentos para o exterior, mesmo com o dólar alto, lembra a tendência observada após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022.
No entanto, ao contrário daquele período, o movimento atual não é pontual, conforme destaca Roberto Lee, presidente da Avenue. “Neste ano, dobramos mais do que o valor em custódia, com um crescimento significativo no segundo semestre”, comenta Lee.
Real lidera desvalorização global; veja ranking
Entre as 20 moedas mais relevantes do mercado global, o real brasileiro foi o que apresentou a maior desvalorização em relação ao dólar em 2024.
Segundo dados da consultoria Elos Ayta, até 17 de dezembro, a moeda brasileira acumulava queda de 21,52%, muito próxima ao índice registrado em 2020, no auge da pandemia, quando o real desvalorizou 22,44%. Após o pregão de quarta-feira, a perda alcançou 24,30%.
Na mesma sessão, o dólar avançou 2,78%, fechando a R$ 6,267 — o maior valor nominal já registrado.
Apesar da aprovação parcial de medidas do pacote fiscal no Congresso, que prometem aliviar as contas públicas, a desconfiança do mercado sobre a sustentabilidade fiscal manteve a pressão sobre a moeda brasileira.