Crise da Ucrânia tem maior impacto que Fed, diz Gavekal

A análise faz um paralelo com o que houve no mercado nos anos 1970, quando o Fed elevou os juros para 20% ao ano.

A Gavekal Research divulgou nesta segunda-feira (31) um relatório alertando que o futuro do mercado financeiro global possui uma forte dependência sobre o resultado que culminará na crise na Ucrânia. A análise fez uma comparação com a vigorosa relevância da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e constatou que neste momento a crise do país europeu tem maior peso sobre o futuro das economias mundiais.

A Gavekal Research é uma das casas de análise macro independente mais prestigiosas do mundo. Seu relatório justifica a afirmação de que o risco maior do mercado agora está na Ucrânia e não no Fed, ao explicar fazendo um paralelo com o que houve no mercado nos anos 1970, quando o Fed elevou os juros para 20% ao ano. Nesta ocasião o principal motivo foi a disparada do preço do petróleo, também impulsionados por conflitos geopolíticos.

De volta ao período atual, a Rússia e Ucrânia se encontram em uma tensão geopolítica que assolaram em 2013, após um acordo político e comercial histórico com a União Europeia. A disputa entre os ex-estados soviéticos atingiu seu ponto mais alto dos últimos anos, com uma tropa russa a postos próxima à fronteira entre as duas nações nos primeiros dias deste ano, levantando temores de que Moscou teria a intenção de iniciar uma invasão nas semanas ou meses posteriores. A Rússia nega veemente de que esta não é sua intenção.

A grave crise no Leste Europeu que opõe a Rússia de Vladimir Putin à Ucrânia e ao Ocidente, representado pela sua aliança militar, a Otan, pode trazer a guerra de volta ao solo europeu.

A Rússia detém a maior reserva de gás natural do mundo. Quarenta por cento do gás natural usado na União Europeia vêm do vizinho. Sem ele, milhões de europeus poderiam ficar no escuro e no frio em pleno inverno. Ao mesmo tempo, as negociações em torno do impasse testam duas décadas de política de Putin e talvez seu futuro político —no poder desde 1999, ele mudou a Constituição e pode tentar ficar no cargo até 2036.
 
O relatório explica e recomenda que as projeções feita pelo mercado não incluam uma expectativa de juros em 20% e explana que é possível haver dúvidas sobre o terminal de juros  em 2% ou 3% ao ano consiga conter a inflação que se encontra nos 7%.

De acordo com Anatole Kaletsky, especialista da Gavekal Research, o barril de petróleo pode ultrapassar US$ 100 se o presidente russo, Vladimir Putin, cortar o fornecimento de gás natural para a Europa. “Isso resultaria em uma crise de inflação global comparável à crise petrolífera de 1973-74”, afirmou Kaletsky e acrescenta que “provavelmente seria seguido por um aperto drástico na política monetária e um mercado de baixa profunda.” Isto seria um cenário em que houvesse uma piora nas relações diplomáticas da Ucrânia, no entanto, embora a situação exija preocupação, a crise encaminha-se para uma resolução pacífica entre os países europeus.
 

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