As tensões entre Rússia e Ucrânia tem movimentado o mercado financeiro e ameaçado o desempenho das bolsas globais. Para analistas de mercado, porém, a novela envolvendo a ameaça russa de invasão à Ucrânia ainda não acabou, e deve continuar levando turbulência aos mercados ainda por algum tempo.
De acordo com a análise, as consequências de uma guerra poderiam ser desastrosas tanto para a economia regional quanto global, piorando uma situação já ruim de oferta apertada e preços altos de produtos básicos como petróleo, gás e alimentos.
“A Ucrânia é um importante fornecedor global de trigo e milho, e a Rússia é uma grande produtora de gás e petróleo”, diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank Brasil. “Se tem algum conflito ali, a Europa deixa de receber esses produtos e os preços podem se elevar ainda mais.”
Os itens que são commodities negociadas em bolsas internacionais, ficariam mais caros para o mundo todo no caso de uma quebra de suprimento ali para os clientes europeus – e a simples dúvida da ameaça já fez seus preços subirem.
“Já temos problemas de gargalos de produção no mundo neste pós-pandemia, e um petróleo ainda mais caro significa logística e produtos mais caros também.Isso deixaria a inflação global, que já está alta, ainda mais persistente e os bancos centrais teriam que subir os juros ainda mais do que o previsto, o que sacrificaria ainda mais o crescimento econômico”, avalia Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.
As principais bolsas americanas e europeias tiveram seu último fechamento, na terça-feira (16), em altas expressivas, de mais de 1%. No Brasil, o Ibovespa atingiu a maior pontuação e o dólar a menor cotação desde setembro do ano passado, navegando também no otimismo internacional.