O movimento recente do dólar frente ao real tem relação direta com a revisão do PIB dos Estados Unidos. Segundo a análise é de Bruno Yamashita, Analista de Alocação e Inteligência da Avenue, “o consumo representa quase 70% do PIB americano” e o dado revisado mostrou resiliência, reduzindo o risco de uma recessão mais forte.
Essa leitura ajuda a explicar a valorização da moeda americana e abre espaço para discutir os próximos passos do Fed em relação aos juros.
Além disso, para o especialista, é possível notar uma relação entre a apreciação do dólar e o último dado revisado do PIB do segundo trimestre dos Estados Unidos. De acordo com ele, “o número veio acima do esperado” e o ajuste “reflete o consumo americano”.
Consumo e atividade econômica no PIB dos EUA
Para Yamashita, o vetor do ajuste foi o consumo: “O principal vetor para essa mudança foi um ajuste no crescimento do consumo americano.” Ele lembra que “o consumo representa quase 70% do PIB dos Estados Unidos”.
Na leitura do analista, esse dado reduz o temor de desaceleração abrupta: “Quando vemos revisão positiva e consumo resiliente, aquele medo de recessão perde força.”
Dessa forma, Yamashita aponta a curva de juros: “A curva hoje está abrindo.” Com isso, “o mercado passa a esperar juros mais altos nos prazos longos para controlar a atividade.”
Esse movimento afeta o carry trade: “Quando há expectativa de curva abrindo, o diferencial de juros entre EUA e outras moedas diminui, o que pode levar à apreciação do dólar.”
Fed, corte de juros e mercado de trabalho americano
Sobre a política monetária, ele ressalta a dependência de um conjunto de indicadores: “Só com o dado do PIB não dá para dizer que o Fed não vai mais cortar juros.” O foco está no mercado de trabalho: “O Powell deixou claro que esse tem sido o principal vetor para a decisão de política monetária.” Segundo o analista, há sinais de desaceleração no emprego, o que mantém aberta a discussão sobre corte de juros.
Yamashita evita projeções fechadas para o câmbio, mas descreve forças em cada direção. Para um real mais forte: “Perspectiva de queda de juros nos EUA e melhora do ambiente interno no Brasil.” Para um dólar mais forte: “Se a atividade econômica americana seguir firme e o Fed sinalizar que não vai cortar juros, o dólar ganha apoio.”
Em suma, o analista avalia o impacto de comunicações recentes: “As falas de Powell e de outros membros não trouxeram impacto relevante para o câmbio nesta semana.”
Além disso, ele observa: “Houve um comentário de Powell sobre a Bolsa americana, algo que o Fed costuma evitar, mas, no geral, o tom veio em linha com o que o mercado já esperava.”