Cenário concretizado

Decisões do Copom permanecem vigentes, afirma Galípolo

O mandatário destacou que o comunicado e a ata da reunião de março “passaram bem” pelos últimos 40 dias

Foto: Pedro França/Agência Senado
Foto: Pedro França/Agência Senado

O presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (28) que as mensagens passadas pelo Copom ( Comitê de Política Monetária) na última reunião da autarquia seguem vigentes. Em fala durante evento do Banco Safra, Galípolo comentou que o cenário que o colegiado da instituição havia previsto para os primeiros meses de 2025 se confirmou.

O mandatário destacou que o comunicado e a ata da reunião de março “passaram bem” pelos últimos 40 dias e está preocupado com uma inflação corrente que insiste em rodar acima da meta.

“É necessário ganhar flexibilidade e ter cautela em um mundo onde a incerteza se elevou”, afirmou. Galípolo destacou a necessidade de deixar a política monetária fazer efeito no cenário doméstico e a comunicação do BC segue o mesmo viés desde o final de 2024. Ele destacou que o órgão fez um grande esforço para avançar rumo a um terreno contracionista com alguma segurança.

O que está sendo debatido no BC é a dose de contração necessária, enfatizou o economista em sua fala. “É estranho você entender como é que uma economia segue apresentando níveis de dinamismo tão elevados com um nível de taxa de juros que para qualquer outro tipo de economia seria entendido como um patamar bastante restritivo”, disse. 

“Isso me parece sugerir que a fluidez dos canais de transmissão da política monetária no Brasil não funciona como funciona em alguns dos nossos pares”, acrescentou, salientando que os problemas do país não serão resolvidos com uma ‘bala de prata’.

Galípolo destaca momento difícil

Sobre as mudanças ocorridas em cenário mundial com as tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, o presidente do BC avaliou que é um momento difícil para realizar previsões. “O que fica mais perene é um sentimento de quebra de confiança com os EUA”, reconheceu.

O mandatário esclareceu que a escalada de tensões em abril deixou o mercado sem saber o que poderia ser um ativo seguro, mas reforçou que o banco central foi muito feliz em prever o aumento de riscos já em janeiro. Segundo ele, são reações que países emergentes já estão acostumados a ver.

“Ganhou peso o cenário que está descrito no balanço de riscos de que as tarifas poderiam oferecer um cenário de desaceleração de alguma maneira, que, por sua vez, ofereceria o risco de desinflação. Acho que esse cenário foi ganhando peso ao longo do primeiro trimestre”, enfatizou o banqueiro central.