A ministra do Planejamento Orçamentário, Simone Tebet (MDB), afirmou na última quarta-feira (12) que o Governo Federal segue em busca da meta de déficit zero para 2025. Contudo, economistas avaliam que essa meta parece ser um pouco mais distante do que o esperado.
O professor de Economia da Faculdade Arnaldo Janssen, de Belo Horizonte, Alexandre Miserani, trouxe sua perspectiva. Ele apontou que, considerando contexto econômico, não é possível afirmar que a meta de déficit zero será cumprida.
“Entretanto, como ainda estamos no meio do ano e temos seis meses pela frente para aprimorar as questões políticas com o Congresso, e considerando ainda um ano de eleições, tudo é possível para refletir no consumidor”, disse Miserani.
“Então, não podemos descartar essa possibilidade, apesar do cenário negativo em que o governo se encontra hoje, com forte oposição no Congresso”, acrescentou ele.
Por outro lado, em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento no Congresso para debater a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2025, Simone Tebet reiterou o compromisso do governo com o déficit zero.
“Ainda é um quadro desafiador porque, embora tenhamos um déficit fiscal, temos que cuidar das contas públicas”, disse Tebet.
“Nós vamos alcançar a meta zero e o nosso instrumento se chama bloqueio, contingenciamento. […] Vamos alcançar a meta zero contingenciando ou bloqueando”, acrescentou ela.
Na prática o ministro da Fazenda está buscando a meta sozinho, diz analista
Já Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital, disse ao BP Money que não há uma busca real pelo déficit zero.
“Se o governo realmente quisesse, ele tomaria medidas conclusivas. Então, se você gasta mais do que você ganha, e fala que quer equilibrar suas contas, ou você deixa de comprar algo, ou de gastar algo, ou isso não vai acontecer”, comentou ele.
Além disso, ele acrescentou que existe essa ideia de uma busca por essa meta. Contudo, na prática, os movimentos não acontecem, pois a arrecadação brasileira é limitada, logo o mecanismo “mais rápido” seria reduzir as despesas.
Outro fator que ele acrescentou foram os conflitos políticos e ideológicos que ocorrem nos bastidores do governo. Assim, pode haver movimentações com fortes influências nas tomadas de decisão em relação à saúde econômica do País.
Nesse sentido, ele pontuou que alcançar a meta pode até ser um desejo. Segundo ele, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), está realmente tentando, mas não parece que vai ocorrer.
Mais otimismo: economista diz que é possível ter ‘déficit zero ou próximo de zero déficit’ em 2024
Pedro Afonso Gomes, presidente do Corecon — SP (Conselho Regional de Economia — 2ª Região, SP), traz uma perspectiva mais otimista. Segundo ele, a meta de déficit zero é bastante razoável.
“O que interessa é saber se as receitas, principalmente as receitas que estão sendo esperadas, serão equivalentes ao que se prevê”, disse Gomes ao BP Money.
Além disso, ele pontuou que a arrecadação tem melhorado mês a mês, o que está propiciando uma maior receita para os estados, para os municípios e para o governo federal.
O economista também pontuou que as pastas responsáveis, como Planejamento e Fazenda, estão analisando a viabilidade de possíveis cortes de gastos. Caso as alterações ocorram, o déficit zero, tanto para 2024 quanto para 2025, se torna mais palpável.
A meta para déficit zero em 2024 e 2025 foi anunciada em 2023. Até março deste ano, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), se manteve firme nas declarações de que o governo seguiria em busca da meta.
Até o final de 2023, governo precisava de R$ 168 bi em receitas extras para meta em 2024
Segundo uma publicação da “Agência Brasil”, para alcançar o déficit primário zero em 2024, o governo precisava obter R$ 168 bilhões em receitas extras neste ano.
Na época, Haddad havia afirmado que a maior parte desses recursos já estaria confirmada caso o Congresso Nacional aprovasse as medidas de tributação de mais ricos e de novos setores da economia.
A taxação sobre os ditos “super-ricos” foi sancionada pelo governo em dezembro de 2023.
Além disso, passam pelo Congresso diversas reformas e medidas propostas pela pasta econômica com a finalidade de melhorar a saúde financeira do Brasil.