
O IPCA-15 desacelerou para 0,18% em outubro, após alta de 0,48% em setembro, surpreendendo o mercado, que esperava avanço próximo de 0,24%. Em 12 meses, o índice acumula alta de 4,94%, também abaixo do projetado.
Para o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, o resultado traz uma boa notícia no front inflacionário, sobretudo pela deflação dos bens industriais, de 0,04%.
“Esse movimento conversa com a forte deflação na China, algo que começa a ficar preocupante em termos de preços de bens para o consumidor e o atacado. Mas, no caso brasileiro, ajuda a conter a inflação neste momento”, avaliou.
Na média dos núcleos — que desconsideram itens voláteis — houve leve aceleração, de 0,19% em setembro para 0,22% em outubro, enquanto a difusão (percentual de itens com alta de preços) caiu de 53% para 50,95%.
“No conjunto, é uma boa notícia. A maioria dos grupos veio sem grandes altas, e estamos caminhando para um fim de ano mais tranquilo para a inflação”, disse Gala.
Apesar do dado mais baixo, o núcleo de inflação ainda preocupa o mercado. Para Nicolas Gass, head de alocação da GT Capital, a leitura mais fina do indicador mostra que o Banco Central deve manter a cautela.
“O número cheio veio abaixo das expectativas, mas o núcleo veio ligeiramente acima do esperado. Isso indica que o BC provavelmente não deve alterar a perspectiva de que o primeiro corte de juros ocorra apenas no primeiro trimestre de 2026”, afirma.
Gass lembra que o mês foi influenciado por fatores pontuais, como a redução na bandeira tarifária de energia elétrica (de vermelha 2 para vermelha 1) e o efeito de Itaipu, que ajudaram a segurar o índice cheio. Ainda assim, as pressões em serviços seguem limitando uma queda mais forte da inflação subjacente.
A avaliação predominante é de que o cenário inflacionário segue positivo. “A difusão caiu, os núcleos estão sob controle e os alimentos cederam. Normalmente, novembro e dezembro são meses mais pressionados, mas tudo indica que teremos um fim de ano benigno para a inflação brasileira”, resume Gala.