Análise

Desemprego: dados são relevantes para decisões do BC, diz Paulo Gala

De acordo com Paulo Gala, "alta surpreendente" na taxa de desemprego indica que o mercado de trabalho brasileiro não está tão aquecido assim

Taxa de desemprego no Brasil
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

A Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) trimestral divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (17) trouxe dados sobre o desemprego por estado. Segundo Paulo Gala, economista-chefe do banco Master, as informações são importantes para as decisões do BC (Banco Central) daqui para a frente.

“Mostrou uma alta surpreendente, de 7,9, mostrando que o mercado de trabalho brasileiro não está tão aquecido assim. É uma notícia relevante para o Banco Central, de não ficar tão preocupado com o mercado de trabalho apertado, que pressupõe alta de preços de salários e, portanto, de inflação. Então, é uma notícia de alívio”, pontuou Paulo Gala.

As taxas de desemprego tiveram alta em 20 das 27 unidades federativas do Brasil no primeiro trimestre de 2024. Pela classificação do órgão, 12 dessas 20 variações foram consideradas como estabilidade significativa, por estarem dentro da margem de erro da pesquisa.

As maiores taxas de desemprego foram registradas na Bahia (14%), Pernambuco (12,4%) e Amapá (10,9%). Já as menores, em Rondônia (3,7%), Mato Grosso (3,7%) e Santa Catarina (3,8%). No estado de São Paulo, o desemprego ficou em 7,4%, enquanto, no Rio de Janeiro, a taxa foi de 10,3%.

Na avaliação de Volnei Eyng, CEO da Multiplike, a ampliação do desemprego é algo negativo, levando em conta o processo de diminuição da taxa Selic iniciada desde julho do ano passado.

“A diminuição da taxa Selic leva ao aumento da geração de emprego. Como a gente já está em um processo terminal de diminuição da Selic, que se esparava, inicialmente, ir para 8,5% e, agora, deve ficar em 9,75%/10%, mostra que não se tem muita ‘gordura’ para ter uma melhora no desemprego”, afirmou Eyng.

André Colares, CEO da Smart House Investments, chama atenção para o aumento no rendimento médio e na massa de rendimento, o que, segundo ele, sinaliza “uma recuperação gradual da renda das famílias brasileiras”.

Colares também destacou a alta taxa de subutilização da força de trabalho (17,9%), indicativo de que muitos brasileiros ainda estão subempregados ou em condições de trabalho inadequadas.

“Isso limita o potencial de crescimento econômico do país. Portanto, além de medidas de curto prazo para estimular a criação de empregos, é crucial investir em educação e capacitação profissional para melhorar a qualificação da força de trabalho e reduzir as disparidades regionais e sociais no mercado de trabalho”, disse Andre.