Decidir o presente ideal pode ser uma tarefa difícil na hora da escolha, mas este ano as expectativas apontam que, neste dia dos pais, os brasileiros terão mais condições de agradar os genitores na hora das compras. A melhora no nível de desemprego e inadimplência sustentam as projeções de especialistas.
A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) espera que o dia dos pais movimente cerca de R$ 7,1 bilhões em volume de vendas. Caso o quadro se confirme, o número seria uma acréscimo de 4,7% na comparação anual.
A Pnad contínua, pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), revelou que a taxa de desocupação está, atualmente, em 7,1% da força de trabalho, menor faixa desde 2014.
“Um bom motivo para o otimismo do varejo com o dia dos pais este ano é a desaceleração dos preços. A cesta de produtos relacionados a essa data mostram uma tendência de crescimento de menos de 3%”, apontou Fábio Bentes, economista da CNC.
A Bahia, Santa Catarina e o Rio de Janeiro devem despontar como os estados com maior aumento de vendas no varejo, comparado com o período de 2023.
Ao passo que São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro tendem a responder por 49,3% das movimentações no dia dos pais.
Apesar das boas perspectivas com o mercado de trabalho, a Selic (taxa básica de juros) em 10,50% segue preocupando os economistas.
Para Felipe Queiroz, economista-chefe da APAS (Associação Paulista de Supermercados) a taxa no patamar atual acende um alerta sobre o nível de atividade, a quantidade de incentivo ao crédito e ao consumo.
“Mas a economia está numa tendência de crescimento, os indicadores macroeconômicos corroboram isso, então nesse sentido vislumbramos um cenário positivo para o dia dos pais neste ano”, disse.
Dia dos pais deve estimular maior número de contratações em 10 anos
A pesquisa da CNC indicou ainda que as varejistas devem ofertar cerca de 10,47 mil vagas temporárias na data comemorativa. Esse pode ser o maior aglomerado de trabalhadores contratados para a data, segundo a instituição.
Essas contratações devem ser puxadas pelos hiper e supermercados (4,97 mil), lojas de utilidades domésticas e eletroeletrônicos (1,73 mil) e o ramo de vestuário (1,68 mil).
No entanto, mesmo com boas perspectivas, Queiroz destacou que a situação de endividamento corre diferente para as famílias, cujo nível de dívidas está em ritmo de queda, e para as varejistas, cujo endividamento segue sendo um problemas.
“Alguns estabelecimentos que captaram o crédito quando a Selic estava em 3,75%, depois em 4, 5% ou 6%. Hoje com a Selic a 10,5% ao ano, inegavelmente dificulta a rolagem da dívida, aumenta o custo sobre o resultado financeiro das empresas e torna um cenário um pouco mais difícil olhando por essa perspectiva”, afirmou.
A preocupação e temor com o risco de recessão do mercado interno e externo podem frear o ritmo de consumo no longo prazo, porém, no curto prazo, “o mercado doméstico mais ativo, mais operante”, de acordo com Queiroz.