Diretor do BC reafirma postura severa adotada pelo Copom

Na prática, isso significa dizer que a autarquia monetária brasileira pretende conservar o aperto financeiro.

O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra Fernandes, corroborou nesta quarta-feira (9) a severa postura adotada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na ata de sua última reunião, publicada na terça-feira (8). Segundo ele, o cenário apontado pelo mercado antes do encontro para a taxa básica de juros não é suficiente para entregar a inflação na meta até 2023.

“A gente vê a inflação de 2023 acima da meta no balanço de risco, o cenário de referência hoje não parece condizente com trazer a inflação para a meta. Precisamos fazer algo a mais do que o cenário sugere. Então o BC deveria entregar mais juros ou fazer um ciclo mais longo que o precificado no cenário de referência”, afirmou em live.

O Copom havia comunicado em ata que deve perseverar sua estratégia de elevação da taxa básica de juros, até que se consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de sua meta.

Na prática, isso significa dizer que a autarquia monetária brasileira pretende conservar o aperto financeiro, além de se esperar a intensificação do mesmo ainda este ano. O diretor afirmou que o Copom ainda tem “alguns ajustes pela frente” na Selic e disse que o BC deve elevar os juros em ao menos mais duas reuniões. “A gente já sinalizou que o ciclo se estende por um par de reuniões pelo menos”, disse.

De acordo com Fernandes, a decisão será tomada após análise de riscos. No cenário utilizado pelo comitê, traçado pelo mercado antes da reunião, os analistas previam que a taxa básica alcançasse o pico de 12% ao ano no primeiro semestre de 2022 e terminasse o ano a 11,75%. Depois, os juros cairiam para 8% em 2023.

Na semana passada, o BC elevou os juros em 1,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano. O patamar fixado pelo Copom veio em linha com as expectativas de especialistas. Segundo o relatório Focus da segunda-feira (31), analistas do mercado financeiro já esperavam a decisão ocasionando o oitavo aumento seguido. Com isso, o juro básico atinge um patamar acima de 10% pela primeira vez em quatro anos e meio.

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